quarta-feira, setembro 25, 2019

De Hollywood a Quissamã (a volta)


Filmando "O 4 de Julho comemorado por brasileiros", Boston 2009



De Hollywood a Quissamã

Capítulo 1 – Péssimas Notícias ou “Bad News” – Atenção: cores nebulosas, nada de tons pastéis, produção.


Mulheres: Sempre gostei das cores de suas roupas, do jeito delas andarem, da crueldade de certas caras. Vez por outra, via um rosto de beleza quase pura, total e completamente feminina. Elas levavam vantagem sobre a gente: planejavam melhor as coisas, eram mais organizadas. Enquanto os homens viam futebol, tomavam cerveja ou jogavam sinuca, elas, as mulheres, pensavam na gente, concentradas, estudiosas, decididas: a nos aceitar, a nos descartar, a nos trocar, a nos matar ou simplesmente a nos abandonar. No fim das contas, pouco importava; seja lá o que decidissem, a gente acabava mesmo na solidão e na loucura. (Charles Bukowski)


Novembro de 2007
Cheguei na casa de minha amiga Eny Sampaio na cidade de Medford, em Massachusetts, bem abatido. Uma tristeza profunda emanava de meu coração e a ansiedade das próximas semanas daquele fim de ano batia forte dentro de mim.

Fui pra lá fazer exames de saúde. Como tinha morado em Boston de 2002 a 2005 com Elaine e nossos filhos Fred e Carol, ainda tinha esperança de que o Free Care de Massachusetts me acolhesse.

Isso porque tinha ficado numa tremenda dureza bancária e não poderia pagar esses exames na Flórida, por conta de um esquema de fraude na Internet no qual me envolvi e no qual perdi centenas de dólares que haviam sido duramente poupados.

Tratava-se de um contrato com a empresa de Gás Wingas, da Alemanha, com filial em Ghana (África, vão vendo...) totalmente “legítima”, checada e com contrato assinado. Meu trabalho era o de transferir pagamentos que recebia de empresas aqui dos Estados Unidos em Traveler’s Cheques para uma conta em Ghana. Na primeira transferência, depositei os Traveler's Checks na minha conta do Bank of America, retirei o valor que tinha que enviar pelo Western Union em Cash, deixei meu “pagamento” na conta e fiz a remessa. Os Traveler’s Checks apareceram direitinho como cash na minha conta no dia seguinte. Porém, em 48 hs me ligaram do Banco para informar que eles eram...falsos!

No momento em que soube que os Traveler’s da American Express eram falsos eu gelei. E, claro, a partir daí ninguém da tal empresa fantasma atendia ao telefone em Frankfurt e nem respondia aos meus e-mails. Fui na polícia fazer um B.O., mas não me deram atenção. Riram de mim, disseram, “ahahahah, mais uma fraude da Internet...infelizmente, aqui nada podemos fazer. Isso é com o FBI”. E o Banco, claro, reverteu os valores e minha conta ficou muito, mas muito negativa. Quase 6 mil dólares.

Janeiro de 2019
Amigos, estou comentando algo que aconteceu comigo em 2007. Hoje, passados 12 anos, ao acendermos as luzes para um novo ano, esse golpe já pegou muita gente. É algo parecido com as “Cartas da Nigéria”, que atormentaram e fizeram milhares de pessoas de gaiatos, como meus amigos Lécio do Patrocínio e Abraão Agostinho, de Macaé, nos anos 90. Ainda antes da Internet, as cartas chegavam no endereço da vítima, entregues pelo correio. Os “nigerianos” pareciam conhecer muito bem o “background” de cada um que recebia as cartas. E o pior, as pessoas de fato pagavam 10 ou 20 mil dólares para “receberem” 15 milhões ou mais em troca de um pequeno “favor”. Muita gente caiu nesse moderno “conto do paco”. Isso é mais assustador quando vemos, nos News e mesmo nas atuais novelas e séries das TVs pagas, situações semelhantes acontecendo no Mundo.  Sempre os espertos se dão bem, os hackers roubam identidades e a clonagem de cartões de crédito não para. O crime cibernético vai ainda durar muitos séculos. Pobre Planeta!


De volta a Novembro de 2007
Cheguei a rascunhar uma carta para o Federal Bureau of Investigation mas acabei desistindo e mudando totalmente de direção, depois de uma consulta médica de rotina com o Doutor Neri Franzon, de Fort Lauderdale. Ele analisou o resultado do meu exame de sangue e chamou atenção para o PSA que tinha aumentado muito em 1 ano, já estava a 9.0. Outro momento de geleira no meu corpo! Como assim? “Precisa fazer uma biópsia da próstata”. Outra surpresa desalentadora. Eu não tinha seguro de saúde na Flórida! Meu “seguro” estava em Boston no SUS (!) de lá. Entenderam?

Conversei com Elaine e os meninos, liguei para Eny Sampaio em Medford, expliquei minha situação e ela prontamente me atendeu, oferecendo o que aqui nos EUA chamamos de “help”. No caso de Eny Sampaio e sua filha Brianna Christine foi mais do que um “help”. Foi Help PLUS 5.

Além de me acolher em sua casa, ela deu diversas dicas para eu receber uma ajuda do governo de Massachusetts, caso precisasse me operar e ficar um tempo sem poder trabalhar. E o cuidado e carinho de minha amiga ajudaram bastante para que eu não ficasse muito na fossa, por ter que deixar Elaine, Fred e Carol em Coconut Creek enquanto eu tentava cuidar de minha saúde.

Edel Holz, minha amiga desde 2004, quando começou o projeto do Teatro Brasileiro de Boston (naquela época, Zillions Brazilian Troupe), estava para montar uma peça teatral infantil de Natal, “E Nasceu Jesus”. Quando viajei da Flórida para Massachusetts já sabia que ia fazer a luz do espetáculo no magnífico teatro de Arlington e que iria ainda atuar em outro espetáculo, Metamorfose, dirigido pelo baiano Robson Lemos, que acabou virando um grande amigo forever. Entrou um cash para ajudar nas compras da semana. Esse clima artístico me deu um pouco mais de energia para enfrentar a verdade a respeito da minha próstata e o que me esperava pela frente.

Três meses antes, em Setembro de 2007, eu tinha ido ao Rio de Janeiro comemorar meu aniversário de 60 anos “cheio de saúde” e celebrando com estilo em Macaé, Quissamã e em Rio das Ostras com minhas irmãs Rosane e Maria Lúcia, sobrinhos, primos, tios e amigos. Contratei uma festa no Manhattan Blues de Macaé, da amiga Norinha Borges e um jantar no Restaurante da Casa da Praia, do amigo Ginaldo de Souza em Rio das Ostras. Afinal, eu fazia 60 anos. Mesmo sem a mínima ideia do que estava acontecendo comigo internamente, resolvi celebrar a Vida!

Nem imaginava que podia já estar a caminho da morte, se não tivesse tomado providências!

Em Boston, consegui marcar consultas no Cambridge Health Alliance e depois de outro exame de sangue e um detalhado exame de urina, fui encaminhado para o Urologista no Cambridge Hospital. “Biópsia”, ele disse, e vamos marcar logo!

Era mais ou menos 15, 16 de dezembro de 2007 quando veio o resultado e o médico me chamou. Você tem câncer na próstata. Vai precisar tomar uma decisão! Fiquei chocado, mesmo com o resultado já quase esperado. Como todos sabem, o câncer de próstata é o tumor mais frequente em homens, representando cerca de 4 em cada 10 cânceres que atingem a população masculina brasileira.

(A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz que só os homens têm. Fica logo abaixo da bexiga e na frente do reto. A uretra, o canal que transporta urina, passa através dela. A próstata contém pequeninas glândulas especializadas que produzem parte do líquido seminal ou sêmen, que protege e nutre os espermatozóides). A primeira pergunta que o médico me fez: “Você ainda pretende ser pai?”. Ter outros filhos poderia acontecer casualmente sim, na minha vida, mas nesse momento tive que refletir seriamente.

"Como assim?", pensei. Estou com 60 anos. Pra que mais filhos? Se eu ganhar na loteria um dia e puder, adoto uns 10, mas sem grana é melhor contar com a família que realizei até hoje, quero dizer, a linha descendente. Afinal, o Nicholas já estava noivo e ia se casar em Outubro de 2008, poderia logo “me dar” um neto, Fred era novinho, estava com 11 anos e muita vida pela frente e Carol, minha enteada, com 14. “Não, doutor, não pretendo ter mais filhos”. “Sim, porque qualquer decisão que tomar você não poderá mais ter filhos”.

E me apresentou as opções. “Primeiro, fique em alerta com o PSA, seu câncer está bem no começo e não afetará muito sua vida nos próximos 6 a 8 meses.  Fique em “Watchful Waiting”, venha regularmente fazer exames de sangue e urina”. Depois, me mostrou os diversos procedimentos e os materiais de informação os quais eu deveria ler, conhecer bem para tomar uma decisão madura: cirurgia radical, radioterapia, terapia hormonal, braquiterapia e quimioterapia...”Mas, há um porém: em qualquer das opções, o senhor ficará sem ereção um longo período”. E que longo período seria esse? “Hum, 1 a 2 anos, alguns homens recuperam em meses, outros em 3 anos, alguns nunca recuperam e precisam fazer tratamento, dependendo da alternativa a ser seguida”. Você também poderá fazer uma prótese peniana. Um procedimento comum hoje em dia.

Passei a conversar mais com meus espíritos protetores sobre assuntos relativos ao desencarne e frequentar a Sociedade Espírita Allan Kardec de Massachusetts (AKSSMA), a fim de me reeducar em vários aspectos relativos a vida após a morte e ao comportamento no Planeta Terra, muito bizarro nas décadas atuais. De vez em quando, mesmo no meio de uma oração, me perguntava: “Será que estou fadado a ficar sem ereção pro resto dessa vida?”.

Cheguei de volta a Coconut Creek no Natal de 2007. Mas só dei a notícia a Elaine depois do Ano Novo. Dia 3 de Janeiro de 2008: “Tenho câncer na próstata e preciso tomar uma decisão drástica, além de...”!

Tentei produzir certa ação no quarto com vinho e iguarias possíveis com a pouca grana que me restava, mas o psicológico não ajudava, A bebida e talvez um baseado, sim. Uma taça de vinho e a frase: “Pelo fim da próstata e a uma longa temporada inativo!”. 

Tive que logo retornar a Boston para manter o “alerta” ligado, aí agora compreendendo tratamento com um psiquiatra, de pré e pós-operatório. Eu tinha que aprender a lidar com o momento, atravessar um novo limiar e tentar compreender porque eu tinha que passar por tudo isso. O PSA aumentando, de 9.0 para 13.5 e eu quase me cagando nas calças.

Fiquei um período morando com um casal ex-aluno, dos anos 2003 e 2004 quando tínhamos morado em Boston, o Cláudio Reis e sua esposa Beth, que me receberam com muito carinho e me deixaram montar um mini-acampamento na sala da casa: colchonete e 2 malas.   Mais tarde, voltei para a casa de Eny Sampaio, mas logo consegui mudar para o apartamento em frente, do Roger, que me alugou uma sala adaptada em quarto.



Meu colchão de ar na sala do Claudio e Beth Reis



Como eu iria passar, durante o ano de 2008, longas temporadas intermitentes em Boston, eu tinha que me reinventar, procurar formas de sobreviver na cidade e não me deixar abater muito pela tristeza dessa verdade pela qual qualquer homem um dia pode passar.

O primeiro passo foi dado pelos amigos Edirson Paiva e Liliane, sua filha, “publishers” do Brazilian Times, jornal semanal de Boston desde 1989. Juninho, filho de Edirson, Editor-Chefe, logo me convidou para escrever matérias e traduzir artigos importantes para o jornal, o que me dava um salário semanal e um local de trabalho bem acolhedor.



Meu "office" na redação do Brazilian Times


Felizmente, também com algum trabalho já alinhado como professor de inglês na World and I Institute e algumas produções de comerciais para a Globo Internacional com o Maurício Filho da Agência Intermídia, pude sobreviver na cidade bancando o aluguel, o transporte, a comida e ainda mandar “algum” pra casa.


Alain, diretor da escola World and I Institute, onde dei aulas de Inglês

Depois de conversar muito com o amigo Chris Rodrigues, produtor e professor de cinema, resolvi reeditar o curso dele, “O Cinema e a Produção” em Boston. Nesse curso o Chris ensinava a toda uma geração de novos cineastas tudo aquilo que as faculdades de cinema não ensinavam. Com a ajuda de alguns amigos, conseguimos o espaço do MAPS – Massachusetts Aliance of Portuguese Speakers na Union Square em Somerville. Divulguei no Brazilian Times e entre pessoas conhecidas e logo conseguimos 15 alunos, pessoas de diversas vertentes artísticas e ligados ao Teatro Brasileiro de Boston, da querida Edel Holz.

O Chris enviou 20 exemplares do seu livro O Cinema e a Produção e cada aluno recebeu o seu, além de apostilas e um incrível material didático através do Power Point.

Com o produtor e fotógrafo Maurício Filho, que já estava bem posicionado no Mercado com sua agência Intermídia, produzindo comerciais para a Globo Internacional e vídeos de treinamento para diversas empresas, pude mostrar bastante meu lado criativo como diretor.

Em pouco tempo eu tinha descolado atividades diferentes em Boston, de acordo com meu perfil; escrevendo e traduzindo para o Brazilian Times, produzindo comerciais com a Intermídia, dando aulas de inglês na World and I e preparando meu curso de cinema para Julho de 2008. Ia e voltava á Flórida para revisitar a família e numa dessas viagens entendi que Elaine estava de alguma forma querendo a separação. Afinal, eu ia ficar sem ereção sabe Deus por quanto tempo!

No Hospital da Harvard University em Cambridge, Dr. Pang, que tinha solicitado a biópsia e me deu o resultado positivo, marcou outra consulta para 19 de maio. Ele queria saber se eu já tinha tomado uma decisão. Fui na consulta, mas não tinha uma resposta.

Eu sabia que tinha ainda algum tempinho. Claro, ele enfiou o dedo lá outra vez para se certificar, pois tinha marcado procedimento de braquiterapia para Julho, mas ali mesmo cancelei. Eu queria usar o tempo que me restava, mesmo colocando a saúde em risco. É muito difícil para qualquer homem saber que vai ficar debilitado sexualmente e ter que tomar uma decisão dessas.

Incrível como é possível movimentar-se pelo trânsito de Boston bem mais rapidamente do que no sul da Flórida. O transporte urbano é bem distribuído, portanto usando o T (trem, bonde, metrô, ônibus) e caronas eu podia trabalhar em dois ou três locais diferentes na semana sem muito estresse. Da redação do Brazilian Times em Sommerville para World and I, de lá para casa em Medford e no dia seguinte para Revere, onde era a produtora Intermídia.

Aproveitei o SUS de Massachusetts (Free Care) para realizar exames complementares, além de dentista e oculista. Lindy me emprestou $700 dólares e com $800 que eu tinha, comprei um possante SUV Chevrolet de 2002. Enquanto isso, em Coconut Creek a Elaine cuidava de Fred e Carol. E eu, gostando muito de ficar em Boston, porém preocupado com o procedimento que teria de encarar.

No início de Junho de 2008, com ajuda da amiga Elisa Garibaldi, comecei a divulgar a Oficina de Cinema. Logo conseguimos 18 inscritos. O curso, com duração de 6 semanas, foi bastante criativo.

O site Bisado.com, O Favorito, jornal A Semana, o Brazilian Times, todos muito receptivos, publicaram matérias com o release do Workshop e foi de fato um sucesso entre artistas e jovens cineastas que, ao se reunirem semanalmente no segundo andar do MAPS de Somerville conseguiram criar diversos curta-metragens, uns colaborando com os outros.

Com equipamento emprestado, amigos editores e artistas do Teatro Brasileiro de Boston, foram realizados os curtas: Cartas de Amor (Diego Rocha), A Última Noite (Robson Lemos), Venha ver o Por do Sol (Alex Ferro e Robson Lemos). Sempre com a colaboração e a energia artística de Robson e nossa amiga Cláudia Carmo, fizemos um documentário usando como tema a festa da independência americana e como os brasileiros comemoram em Boston.

Na Flórida, Elaine arranjou um namorado e me acenou de longe com a separação. Ela sabia que eu mesmo estava a caminho de pedir o divórcio, por vários motivos que ajudaram a desgastar nossa relação. Mesmo de longe, eu estava começando a me corresponder com Cristina Miranda, uma mulher que tinha marcado presença na minha vida muitos e muitos anos antes e que aparecia para me tirar da solidão da decisão a respeito da cirurgia que teria que acontecer naquele ano ainda.


Nicholas se casa em Asheville, Carolina do Norte

Quando terminamos a Oficina no MASP de Somerville, no início de Agosto de 2008, já meio com data marcada para a cirurgia radical em Dezembro, voltei a Flórida para me certificar que não estava mais casado com Elaine.

Claudia Ford, amiga desde 1987 quando moramos em Los Angeles, foi passar uma temporada por lá e ofereceu a casa vazia de Dania Beach, na Flórida. Fiquei algumas semanas, porém meio na fossa.

Éramos eu, uma cadela, um carro “vintage” sem poder sair da driveway, uma piscina interna sem poder usar por problemas de vazamento, porém uma casa muito confortável de onde eu só saia de carona ou a pé mesmo para ir a praia na reserva ali perto. Uma benção, Dania Beach.

E foi assim mesmo, de carona, que a Elaine passou com as crianças para me buscar para todos “festejarmos” o meu aniversário de 2008 na casa do Luiz Garcez em Miami Gardens (nome chique para uma área de Hialeah).  Dona Marília Garcez tinha preparado uma feijoada e seu filho Luiz aproveitou para me inserir na festa.

Fiquei na Flórida esse período aguardando a data do casamento do Nicholas com Jessica e que ia acontecer em Asheville, na Carolina do Norte, em Outubro.

Trabalho quase nulo na Flórida; faturei algum com os artigos que traduzia e enviava para o Brazilian Times e com a venda dos cartões telefônicos Brazilino, uma invenção do amigo Billy Souto Maior, que me tirou da renda zero.

Porém, para me tirar da fossa e da saudade que já sentia de Cristina Miranda e de um início de depressão na casa da Claudia Ford em Dania, passei em Coconut Creek, peguei Fred e fomos juntos para Asheville, na Carolina do Norte, para o casamento do Nicholas.

Voamos até Charlotte e de lá aluguei um carro para pegarmos a estrada até a bela cidade, uma das mais lindas que visitei nesse país.

Além disso, está localizada entre Blue Ridge e Smoky Mountains, uma combinação perfeita de clima de montanha e charme sulista, com restaurantes premiados e cervejarias artesanais, lojas e butiques de proprietários locais e uma comunidade artesã de sucesso, composta por pintores, designers e criadores.

A cidade também está repleta de história e foi o refúgio favorito de alguns dos nomes mais influentes da literatura do século 20, como F. Scott Fitzgerald e Edith Wharton.

Asheville também é conhecida como "Napa Valley da cerveja" e afirma ter mais cervejarias per capita do que qualquer outra cidade dos Estados Unidos.


Nicholas, Jessica e Phydias


Ou seja, depois do casamento num dos salões do Biltmore Estate, que é uma grande propriedade privada e atração turística da cidade, fomos todos jantar e bater perna. Fantástico lugar! Fomos? Quem, fomos? Ah, esqueci de contar: Hilza, Zeca, Debbie e Mike (nesse momento, ex-marido da minha ex-mulher. Deu pra entender? Seguinte, eu tinha sido casado com Hilza, que depois de nossa separação em 1992 casou-se com Michael Bruce- Mike- mas também se separaram em 2000. Na época do casamento do Nicholas (Outubro de 2008), Hilza já estava casada com o celebridade do mergulho internacional, Neal Watson, mas ele não foi ao casório. Dois ex- na mesma festa? O cara foi padrasto do meu filho por 6 anos e o influenciou bastante na sua escolha para servir na Marinha americana. Eles eram todos amigos. Zeca, o tio, Debbie, a melhor amiga da mãe, o pai e o meio-irmão (Fred) alugamos um chalé desses onde dormem 8 no meio de um bosque sensacional. Tudo para acompanhar de perto o casório extravagante de nosso Nicholas da Silva Barbosa, que se casava com a bela jovem Jessica Little.


Foi tudo lindo! Mas aconteceu uma situação bizarra, um “fantasma da ópera”, representado pela nova mulher e nova família de Nick e sua mãe Hilza, que assombrou a relação dele com mãe e esposa durante algum tempo. Em posteriores capítulos desta série, vocês entenderão.

Fizemos um tremendo café da manhã no chalé porque haveria o casamento a tarde e logo depois uma bela recepção num dos locais mais aprazíveis da propriedade.

Fred numa linda paisagem do Biltmore State



Pelo MSN e pelo Orkut com minha amorosa amiga e já quase namorada virtual, Cristina. 

cristinamiranda.7@hotmail.com sent 10/21/2008 6:39 AM: “Querido, bom dia!! passei agora pelo RebateOnline e li a homenagem que o José Milbs fez ao amigo. Lindíssima, até pra quem não o conheceu de perto. Porque resgata no coração, mesmo pra quem só foi plateia como eu, pela minha pouca idade naqueles tempos da Macaé que eu cresci e amei, mesmo sem saber, apesar de todas as dores que nela vivi.  Agora bom mesmo...! Foi o suspiro que tive, ao ver vc naquela foto, do jeito que te vi pela primeira vez... e guardava como mais profundo segredo em meu pensamento... beijo!

cristinamiranda.7@hotmail.com sent 10/21/2008 7:05 AM: Não sei explicar ainda o que sinto por vc... mas estranhamente... vc faz parte de mim profundamente... e não!  Carregar vc em minha memória adormecida todo este tempo, traz agora... sensação de vc ter passado a vida inteira ao meu lado... me sinto despida de sentimentos que façam vc pensar que sou outra pessoa, mas ainda aquela menina que te olhou fascinada... completamente atrapalhada...

Enquanto trocávamos palavras de amor, ela em Macaé e eu em Boston, de novo me vinha a mente o que tem acontecido em minha vida desde a juventude, essa Montanha Russa que não para nunca, as bolas de neve que venho carregando, os rabos de foguete nos quais entrei. Mas então, eu escutava sua voz e me acalmava.

Música que pontuou algumas de nossas conversas:

Eu e você
Não é assim tão complicado
Não é difícil perceber...
Quem de nós dois
Vai dizer que é impossível
O amor acontecer...
Se eu disser
Que já nem sinto nada
Que a estrada sem você
É mais segura
Eu sei você vai rir
Da minha cara
Eu já conheço o teu sorriso
Leio o teu olhar
Teu sorriso é só disfarce
E eu já nem preciso...

Sinto dizer que amo mesmo
Tá ruim prá disfarçar
Entre nós dois
Não cabe mais nenhum segredo
Além do que já combinamos

No vão das coisas que a gente disse
Não cabe mais sermos somente amigos
E quando eu falo que eu já nem quero
A frase fica pelo avesso
Meio na contra-mão
E quando finjo que esqueço
Eu não esqueci nada....

E cada vez que eu fujo, eu me aproximo mais
E te perder de vista assim é ruim demais
E é por isso que atravesso o teu futuro
E faço das lembranças um lugar seguro...
Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída
Acabo entrando sem querer na tua vida

Eu procurei qualquer desculpa pra não te encarar
Pra não dizer de novo e sempre a mesma coisa
Falar só por falar
Que eu já não tô nem aí pra essa conversa
Que a história de nós dois não me interessa...
Se eu tento esconder meias verdades
Você conhece o meu sorriso
Lê o meu olhar
Meu sorriso é só disfarce
O que eu já nem preciso...

E cada vez que eu fujo
Eu me aproximo mais
E te perder de vista assim
É ruim demais e é…
Por isso que atravesso
O teu futuro
E faço das lembranças
Um lugar seguro...

Não é que eu queira reviver nenhum passado
Nem revirar um sentimento revirado
Mas toda vez que eu procuro uma saída,
Acabo entrando sem querer na tua vida


Em 11 de Dezembro de 2008, 6:30 da manhã, Lindy passou no casarão de Saugus para me levar ao Hospital. Na noite anterior tinha sido sua festa de aniversário. Ao chegarmos, a recepcionista disse algo que eu não compreendi perfeitamente e fiquei esperando ser chamado no local errado. Lindy foi comprar um café e voltou com uma bandeja cheia de donuts. Eu quase comi aquelas roscas deliciosas e já ia quebrar o jejum sem poder subir para me operar, quando uma senhorita veio me informar que tinha que subir logo, já estavam me esperando. Por um triz não desisti!




Muitos me telefonaram no Hospital: Cristina Miranda, Hilza DaSilva, Steve DelRoy, Armando Barreto, Frederico Barbosa, Carol LM, Nicholas Barbosa (meus filhos), Elaine Loretto, Adairton, Junior Mendes, Eliene e João, Alex Ferro e Raffaela, Andreza Priscila sempre-muito-preocupada, Billy Souto Maior, Bill Kantrowitz, Robson Lemos, Beth do BT, Nahur Fonseca, Mauricio Filho, José Ferreira da Silva Neto, Lucia Souto Maior, Suely Franco McQuilken, Professor Julio, Marcos Coutinho, Edel Holz, Cristina Borges, Marcelo Malcher, Claudia Carmo, Liliane, Cristina e Cristiane Paiva, Armando Rozário, Luiz Garcez, Tia Jamile, Maria Lucia, Rosane (minhas irmãs), Flávia Lima Torres, Eduardo Lima Torres, David Adnopoz, José Carlos Moraes, Edirson Paiva, Edirson Júnior, Ricardo Barbosa, Suely Franklin, Piedad Rueda, Elisa Garibaldi, Victoria e outros que juro não lembrar por estar lotado de narcóticos contra a dor que me assolava no número 7 (depois baixou para 4).  Os emails chegaram às dezenas. Vieram de Lençóis, na Bahia (Professor ZéCarlos Moraes), de Monteiro Lobato, (Glaico Costa), de Curitiba, de Macaé, Florianópolis, do Rio de Janeiro, Niterói, de Rio das Ostras, Tamoios, Barra de São João, Saquarema, Lisboa, Barcelona, Belém (grande Djalma Filho) e outras cidades, sempre com aquela mensagem de otimismo e com as estimas de recuperação. Como agradecer a todos pela preocupação comigo? Bem, afinal fiz um “big deal” dessa minha internação.
 
A diferença foi a presença física do “Seu” Jaime, meu anjo da guarda, do Pié (José Pienasola, o músico e mentor espiritual), do Daniel Nocera, outro grande músico e amigo, Eni Sampaio, amiga de longas datas, Evaldo e a noiva, Cláudio Reis, Beth Reis, Mr. Alain De Paula, amigo e meu chefe na escola World and I Institute. Jamais esquecerei da força que recebi da “roomate” Andréia Saliba, que me levou ao Hospital em crise pós-operatória e no dia do “discharge” foi me buscar e me levou para fazer compras nos últimos minutos do mercado aberto no dia de Natal.
E quero ainda “pontuar” a importância que Lindy Leboutillier Serra deu ao meu momento especial. Não faltou um dia de visitas no Hospital, levando-me o calor e amizade que um “doente” sente quando não tem sua família por perto. De volta em casa em Saugus, muitos repetiram suas chamadas. Das novas ligações, fiquei bem feliz com a do amigo Flávio Cavour e da presença de Dra. Janine, José Milbs, Nato Reis, Vania Pacheco (Emilia Fritex) e Regina Veiga no MSN.
Pelo telefone e pelo email, a presença constante da minha linda namorada e sua fé imbatível me fizeram acreditar o tempo todo que meus protetores não saíram um momento sequer de meu lado. Graças a suas constantes orações e sua voz doce e relaxada no telefone, que me deixaram mais calmo e confiante no futuro.

Soube, pela TV Globo Internacional, que meu ex-chefe, o grande ator e diretor Fábio Sabag, faleceu hoje pela madrugada (31/12) do mal que me assola. Fiquei pensando: E se eu não tivesse operado na hora certa, o mesmo poderia me acontecer?

 Agora, posso comentar: amigos homens, não deixem passar e com o cuidado necessário, façam seus exames de PSA e encarem a famosa “dedada”, claro, sem se deixarem “apaixonar”…. Rsrsrsr...

Segundo o resultado patológico, estou “livre” desse mal, com mais de 90% de chance de estar curado completamente. Ontem, dia 30, o médico tirou a sonda. Fiquei independente de novo. Recomeçando.

Uma estadia em hospital não é nada agradável, principalmente quando se tem uma cirurgia delicada para fazer. São várias etapas, sendo a anestesia uma das interessantes, pois, como aconteceu comigo, o intestino pode “trancar”. Daí, veio a dor do pós. Nada passava do meu estômago. Comecei a série de “throw-ups” (em inglês choca menos, mas é vômito mesmo) e voltei a me internar. Recebi um presente: um tubo enfiado no nariz para retirar todo aquele líquido indesejado. Mais dez dias de "hospedagem" na primeira classe do Beth Israel Hospital, aliás um hospital judeu e eu não sou circuncizado. Mesmo assim, não me confundiram com um palestino, embora minha nova cara se parecesse um pouco com a do Yasser Arafat. Sem perigo, essa antiga guerra que assola judeus e palestinos não entra naquele hospital!

As enfermeiras, sempre muito atentas e prestativas, se revezavam na tarefa árdua de me fornecer os remédios na hora certa, verificando meus sinais vitais com muita profissionalidade. E jamais esquecerei da generosidade de Caroline (na foto abaixo), Nicollete, Heather e Carnie, além de outras. Essas foram as que mais trataram de mim, principalmente a Caroline, com sua atenção completamente desdobrada e me chamando o tempo todo de Mister Barbosa prá lá e prá cá. Educadíssima!



Caroline, a enfermeira que tinha "pinta" de atriz de cinema. No roteiro, Eu!


Acredito, também, que passei por essa com mais serenidade, graças à amabilidade dessas moças e de seu trabalho impecável. Ao Dr. Martin Sanda e sua equipe, com Dr. Williams, Dr. Ahmred, só tenho que agradecer a paciência comigo.

Em algumas madrugadas no hospital, acordei assustado com sonhos incríveis. E num dos sonhos que tive durante essa jornada, atravessei diversos limiares, com o meu objetivo de herói me transportando para o momento em que, em Março, depois dessa longa cavalgada, entrarei num Castelo com a minha espada Excalibur para “libertar” minha princesa, que me fará avançar, sem limites, para outros limiares ainda mais (im)possíveis.

Meu desejo tinha um nome! E, depois, como recompensa, ter minha amada bem pertinho de mim, me acariciando e me enchendo de beijinhos, encostando e deslizando meu rosto no dela, remendando meus pensamentos desconsertados e costurando meus elementos metafísicos. Viva 2009! Em poucos dias entrarei no Castelo! De preferência, com um fundo musical parecido com Divano! (Eu já previa essa “Série”).


Cristina Miranda, Costa Azul, RDO - 2008




De Hollywood a Quissamã
Capítulo 2 – “Trailer” 

Um encontro no Aeroporto Tom Jobim

2009, Um ano de emoções
19 de Março -  Eu não a vi logo que saí. Foi um instantâneo, numa virada de cabeça, daquelas de quem procura mesmo, que vi primeiro os seus cabelos esvoaçarem, depois ela. Linda, sorridente, surpresa. Nos abraçamos levemente e nos demos um beijo carinhoso. Finalmente, eu reencontrava Cristina Miranda.


Aguardem os próximos capítulos!





Novos Crimes do Amor

Novos Crimes do Amor Nota do autor: Para escrever este conto, eu me baseei em crimes realizados no seio da comunidade brasileira...