sábado, agosto 28, 2004

TO ALL MY FRIENDS

After a long time thinking and postponing, I finally decided to publish my Blog. You can now read articles and send me your feedback.


Amigos, depois de muito tempo pensando, decidi publicar o meu primeiro Blog, o The Brazilian Courier. Interessante, pois esse título me traz memórias interessantes de metade dos anos 90 na Flórida.


THE BRAZILIAN COURIER, Flórida anos 90.

Lançado e promovido numa época em que era comum a visita de milhares de crianças brasileiras à Miami, terra prometida do Eldorado, à época, os lançamentos como o Shopping do Jacaré, SawGrass Mills dividiam a atenção entre as lojas brasileiras Victors, Brasilia, Carol Shop e outras. Nesse ambiente, trabalhava o brasileiro ilegal de então. E o Brazilian Courier servia de gancho entre essa galera de Miami, com o que havia de melhor em Pompano Beach, Fort Lauderdale e Deerfield. Nasciam lojas de remessa, O Restaurante Brazilian Tropicana já fazia sucesso e os shows começaram a aparecer.

O Brazilian Courier passava pelas mãos de todos os leitores disponíveis. Nessa época, além de publicar o Courier eu tinha um segmento num programa de Tevê do Luciano do Vale, às vezes dava um apoio de produção ao Pastor Álvaro de Sá, sem nunca ter sido pago. Ainda bem que o meu conceito de distribuidor Herbalife era bom, vendia muito produto e isso me mantia vivo. Quando algum produtor brasileiro se lembrasse de mim para um comercial, o bolso dava uma inchadinha de dólares e procurava fazer o melhor. Assim foi com a ajuda que dei nas produções de Deus nos Acuda, de Perigosas Peruas e de Que Rei Sou Eu?, todas da Globo.

Além de ficar um ano inteiro pesquisando para fazer o comercial de Palmolive com Antonio Banderas, também levantava um montão de orçamentos para filmar com a Jodaf e outras produtoras de comerciais do Brasil.

Vivia nas noites, já que tinha me separado da Hilza em 92, procurando namorada. Achei algumas bem interessantes, quis casar com todas, mas sobrou para Elaine em 94. Nos bares, boites e restaurantes de Miami a Boca Raton durante 2 anos, sobreviveu o Courier.

Até que publiquei a última edição, pois meu trabalho como distribuidor ficou sério com a parceria que fiz com Elaine. Comecei uma outra etapa, que fica para contar mais tarde.......

Por enquanto, deliciem-se com o persongem BRAZILINO, criado pelo meu amigo Claudio Piereck na época em que era colaborador do Courier e desenvolvido por este locutor que vos fala. Nessas versões, Brazilino é cada um de nós que vive pelos Estados Unidos, correndo atrás de uma vida impressa em dólares.

Uns " pagam mico " como dizem meus filhos, outros sidãobem. Cada um com sua verdade natural, sua malevolência e esperteza brasileira.

Hoje é fácil observarmos pelas ruas e estradas de Massachussets, quando passa um carro cheio de brasileiros, ou indo pro trabalho pela manhã, ou indo se divertir num balneário do Norte. Brazilinos estão trabalhando em todos os lugares, o idioma português, como se fala em Minas Gerais, é o mais ouvido na Nova Inglaterra, seguido de uma puxada sulina com os colegas brazilinos de Criciúma e adjacências. Uau!!!

Mais do que tempo de haver um registro dessa passagem, de uma forma curtida e moderna, na forma de um personagem único, NÓS!!

Com vocês, Brazilino!!

Com um abraço e um (pãozinho de) queijo

Phydias Barbosa
Barbosinha 57
phydiasb@yahoo.com

BRAZILINO 4 VEM AÍ!!!
"Da festa pro camburão"


Comprando uma dor de cabeça

Quando Brazilino chegou em Boston, foi morar num prédio caindo aos pedaços no South End da cidade. Sorte dele, pois em pouco menos de um ano, uns salvadorenhos que moravam em 8 ou 9 no andar de cima, resolveram sair. Quando o landelórde apareceu, viu o estado precário do apartamento, resolveu vender por uma bagatela. Brazilino, que passava na hora, mexeu no bolso e na conta do Banco, viu que tinha economizado uns dólares de tantos meses trabalhando 18 horas por dia na construção, na dixa ou no rúfe e ao invés de mandar o tutu para Minas, resolveu investir aqui mesmo. Sideubem!
Depois de 2 anos limpando e renovando a moradia, um loft do final dos anos 1800, vendeu o espaço com um lucro 4 vezes maior que o investimento e aí sim, despachou 3 mil dólares por semana durante os próximos 6 meses, quase 70 mil dólares cash, para sua família comprar 4 apartamentos para alugar em Resplendor.
Tudo parecia ir às mil maravilhas. Mas, por um desses motivos que só Deus sabe, o prédio aonde compraram os apartamentos em construção nunca ficaram prontos, o engenheiro-chefe desapareceu para o Suriname com o salário dos trabalhadores, diz que para iniciar uma vida de garimpeiro e Brazilino, com pena da família, bancou a vinda de todos para Boston.
Mineiro dificílmente descola visto no consulado para vir para a América. O máximo que consegue é chegar no México e tentar a travessia pelo deserto, ajudado por coiotes, um bando de miseráveis que só maltrata a rapaziada, podendo até estuprar, bater, matar e desaparecer com o indivíduo. Por isso, Brazilino se assegurou que sua família viesse prá cá com coiotes de classe, evidentemente um pouco mais caros! Mas, afinal, 18 horas na obra, na dixa e no rúfe não mata ninguém e ele sempre economizou seu dinheiro, sem gastar nas noites brasileiras e nem correndo atrás de mulher.
Quando a família chegou, um veio vindo atrás do outro, cada semana chegava um (duas irmãs, um irmão, papai e mamãe). Foi uma emoção. Botou logo as meninas prá trabalhar no Clín, o Zequinha foi prum Dunkin de Everett e papai e mamãe começaram a fazer marmita para fora. O paraíso em Somerville!
Mas, Eunice e Candinha logo se revoltaram. Desistiram de limpar privada de americano, que isso elas jamais teriam que fazer no Brasil. Zequinha se enfezou com um cliente do Dunkin que reclamou sério dele com o gerente. Tudo por causa da quantidade de açucar do café! O business de papai e mamãe só durou 3 meses, pois os vizinhos reclamaram do cheiro de gordura no corredor. Enfezados, resolveram ir embora pro Brasil. Com a grana que soboru dividido pelos quatro, compraram passagens One Way e voltaram para Resplendor. Deixando Brazilino com a conta dos coiotes na mão para pagar. Alguns milhares de dólares mais tarde você acha que isso é…….

Azar ou Incompetência? *Brazilino é criação de Claudio Piereck

O Passaporte Portugues

BRAZILINO NA AMÉRICA (2)

O Passaporte Português

Brazilino saiu de uma pequena cidade do interior de Minas, “passou voando” pelo Rio de Janeiro, “num deu nem prá vê o CrissRedentô”, entrou num aviazão, com uma roupinha de Domingo. Quase num susto, deliciado com as luzinhas que via lá de cima do céu, apareceu de repente na cidade do México. “ Nossa”, pensou Brazilino. “Que emoção, foi aqui que o Brasil foi tricampeão!!”

Detestou comida mexicana,”um tar de burrito, pimentado que nem malagueta, só prá burro meis, sô“. Demorou prá curar a diarréia. Saiu de uma pensión, entrou em outra, os coiotes não falavam que dia iam fazer a travessia e nem por onde. Entrou em outro avião, esse menor que o outro. Dez dias depois, estava dentro dum “trunk” de um carro com fundo falso, passando ileso e ilegal por Tijuana.

Dalí prá pra San Diego foi um pulo, outro Aeroporto, mais algumas horas e chegava a Nova York. Cansado, mas feliz. Como disse um mexicano pro outro: “Este brasileño está jodido, pero contento”

Numa noite qualquer de 2002, deu as caras na casa dos conhecidos em Boston.

Chegou e já foi logo substituindo um dos irmãos na “disha” noturna.

Mas nosso herói descobriu uma turma de brazucas estacionada no
“parking lot” do Brooks de Allston, viu que o local era ponto de encontro para se descolar um “help wanted” em qualquer área de serviço.


Logo descolou trabalho como bricklayer, sua profissão no Brasil

Daí pra comprar uma tevê pra assistir a Globo foi um pulo. Três meses depois, deu entrada num carrinho Nissan popular, usado e barato. $400 dólares de entrada e $38 por semana. Maravilha, em Central, Brazilino no máximo dirigiu um trator. E nunca teve carteira de motorista!

Comprou a carteira internacional, fez o ITIN, abriu conta na Verizon, obteve por milagre e rapidez americana o seguro do veículo e foi logo prá rua conquistar quem sabe, 3 full time, ou uns 5 part time por semana. O negócio em Boston é fazer como todo mundo: “faturá uns dóla” para pagar os coiotes. 11 mil e quinhentos.“Dóla!”

Se possível, trabalhar até 100 horas e ganhar entre 800 e 1200 por semana. Dane-se a saúde. Desde que tenha TV Globo em casa e um feijão com arroz, mesmo que seja às 11 da noite, tudo bem!

Alguns meses depois e feliz da vida de já ter terminado uma casa e indo limpar outra no dia de folga, Brazilino passou o sinal vermelho e a polícia o parou!

Foi um sufoco! Mais de 1 ano de Boston, sem falar uma palavra de inglês, Brazilino ouviu o que o officer falava, sem entender nada do que ele dizia.

Mas balançava a cabeca, fazia que sim, que não, OK. E o policial entregou a multa um papelzinho: Comparecer a Corte tal dia tal hora….

Brazilino teve que contratar intérprete e bancar o custo da corte.

Sem entender nada, sempre fazendo que sim e que não para o intérprete, Brazilino foi levado para uma salinha e o obrigaram a assinar um papel. O intérprete deu a má notícia. Deportação!


Mas pensa o quê!! Depois de um tempo contando prosa em Central dentro dum Fiat velho do primo, Brazilino está de volta! Comprou passaporte português, mudou de nome, conheceu Lisboa por 3 dias, arrumou uma dívida compensatória com os amigos brasileiros dos coiotes e trabalha num Restaurante chic, rapaz, ganhando uns $40 de gorjeta por noite, mais o salário por hora. Já está terminando de pagar as dívidas e daqui a pouco começa a construir em Central. Do Brasil.




Phydias Barbosa

A Entendida do Dunkin

BRAZILINO NA AMÉRICA (3)

Phydias Barbosa

A entendida do Dunkin


Marcinha, uma Brazilina descontraída, chegou com um primo pelo México, vieram de avião de uma cidade do Texas. Foi logo mexendo com faxina em Providence, mas dois meses depois embarcava num ônibus da Peter Pan, surpresa com a virada do primo, que resolveu se casar com um “gay” : Lá em Freminghém tem mais oportunidade, rapidinho tu arruma um emprego, dise o primo. E saiu Brazilina prá conquistar a América!

Por sorte, viajou do lado de mais três brasileiros descolados que já vinham para Boston com indicação para trabalhar em construção. Vamos para Lowell, disseram. É perto de Freminghém?, perguntou Brazilina, que nem o mapa de Massachussets tinha visto ainda.

Papo vai, papo vem, todos notaram que tinham chegado há pouco do Brasil via México e já estavam viajando pelos Estados Unidos, sem precisar falar uma palavra de inglês. “Santo país! Aqui todo mundo fala português” .

Assim sendo, sem precisar falar uma palavra de inglês, Brazilina logo descolou um outro emprego de faxina, trabalhando pra equipe do Tião, que todo dia a buscava em casa mais uma colega e iam fazer 3, 4, às vezes até 5 casas num dia só.

Tudo ia muito bem, mas nossa Brazilina, algum tempo depois, cansada, percebeu que estava sendo passada para trás. O Tião, que parecia ser muito legal no princípio, deixou transparecer que estava faturando um bom dinheiro com o trabalho das duas e já as chamava de “minhas meninas”. Ela bem que notou que o Tião andava de carro novo, não saía do celular, com relógio Rolex no pulso, bancando o almoço todos os dias no Café Belô....

Pera lá, comentou Brazilina com a colega. Isso é muita incompetência de minha parte, não vim para Boston para virar lucro de ninguém, isso aqui não é bordel, é um tal de limpar latrina, casa de cachorro, cocô de gato, tirar o lixo, separar garrafas, passar roupa, limpar o quarto da madame, vacunar o livinrúm. E o desgraça do Tião ainda me deixa esperando horas para vir me apanhar no serviço.

Rodou a baiana “vou entrar num cursinho de ingrês” e aí se matriculou num desses cursos espalhados pela grande Boston, que oferecem ao aluno um pacote para falar inglês em 6 meses! O rapaz do cursinho foi explícito, tem que estudar e fazer o homework. - Vou falar em 3!, disse Brazilina.

Mas, faltava muita aula, o schedule de faxina aqui em Boston não é nada fácil. Como é que ia prá aula se ela saía de Newton às vezes por volta das 6 horas da tarde, cheirando a guarda-chuva velho, ir em casa, tomar um banho, prá ter aula em Freminghém às 7?

Por isso, faltando mais aula do que comparecendo, Brazilina lutou e finalmente conseguiu um emprego num Dunkin, afinal o social falso foi mole de conseguir, descolou com um amigo do Tião, foi muito fácil sô, foi só dar o número do telefone de Ipatinga, trocou um dígito e com o novo trabalho, achava que dizendo gúde mornin, ráu ariú, dava prá enganar. Treinou uns 5 dias e já ficou apta para atender no balcão, mas no início não fazia o troco, só separava os pedidos na hora do rush e depois entrava para a produção na bakery.

Foi quando o manager chegou e explicou que um pacotinho que estava do lado era o TO GO do Mr. Smith, o outro era o TO GO da Mrs. Scott e uma grande bandeja ao lado era do FOR HERE.

O dia passou sem muitas novidades, os donos dos To Go vieram todos, mas lá pelo meio da tarde, Brazilina comentou com a colega que o Mr. Smith foi buscar o TO GO dele, assim como a Mrs Scott. E completou Brazilina...Mas o FOR HERE não veio até agora!!!

AZAR...OU INCOMPETÊNCIA?


Brazilino é criação de Claudio Piereck





Novos Crimes do Amor

Novos Crimes do Amor Nota do autor: Para escrever este conto, eu me baseei em crimes realizados no seio da comunidade brasileira...