domingo, outubro 31, 2004

O VISTO

BRAZILINO em...

O VISTO!!! By Phydias Barbosa

BRAZILINO (Milagre!) veio para a América com um visto bonzinho, daqueles tirados no Consulado, sem mutreta nenhuma. Deu um trabalho desgraçado, mas o despachante parece que fez um serviço legal. Descolou os nada-consta, comprovante de renda, carta da firma onde Brazilino “trabalhava”, carteira de trabalho com registro de emprego, tudo na mais perfeita ordem. Nossa, que comemoração, em Capivari parecia dia de jogo do Brasil. Todo mundo queria ver o visto de verdade!

-“ Que legal, Brazilino vai pros States trabalhar e mandá dóla pá nós”, diziam os pais, já velhinhos, mas ainda sem a casa própria. E a cerveja com churrasco rolou uns 3 dias.

Um primo do Brazilino, o Ederaldo, já estava em Danbury faturando uma nota na obra e na pintura, ofício que Brazilino dominava numa boa. Aprontou tudo para a longa viagem até Connecticut, afinal planejava descolar no mínimo uns 50 mil dólares, para terminar a casinha dos pais e começar a sua própria, para o desejado casamento com a Firmina de Bonsucesso. E ainda ter algum no bolso para abrir uma lojinha de buginganga na roça.

Telefonou pro primo contando a novidade, “ primo, tô com visto e tudo! Beleza! Chego dia 10 em Noviórqui”.

Gente, sem onda, a Imigra olhou o passaporte com visto e tudo, e ele que não era bobo nem nada e tinha aprendido umas frases com a prima Adelina, tacou o inglês pros homi ver: “I am from Brazil! I am a Tourist!” Very good, disseram, You can go. Ele entendeu quengo, mas tudo bem, afinal estava livre e com a Van do Almeida esperando do lado de fora para levá-lo até Danbury. “ Felicidade, estou na América do Norte!!”

Trabalhou quase dois anos perto de Bristol, com umas 12 reformas e mais umas 45 casas pintadas. Toda semana, aquela festa em Capivari. “É dóla do Brazilino!”

Construiram a casinha dos pais, levantaram uma meia água num sítio bacana, que a Firmina já tava de olho há muito tempo, mas bateu um cansaço durante o segundo inverno. “Já estou com uma grana no bolso, pezinho de meia começado”..., resolveu voltar prá trás. O primo estranhou: “Brazilino, agora que tu conseguiu uma grana legal, com tudo indo às mil maravilhas, fica mais um ano, cara.” Não dava! A saudade de Firmina era muito grande. Sem mulher há quase dois anos, só no sonho e na imaginação, não deu mais. Inda mais observando as mulheres elegantes que moravam nas belas casas que ele reformava ou construia, “pera lá tenho que me mandar, não dá prá viver sem secho”.

Levantou mais 5 mil num acabamento, que durou quase três meses que pareceram 3 anos e se mandou.

Outra festa em Capivari, Brazilino com dolares no bolso pagou todas para muitos amigos, acabou de construir a própria casa mas ficou olhando prá Firmina. “My God” , disse ele, “que infelicidade, tanta muié bunita na América e eu voltei aqui prá casá com essa baranga”.

Teve uma idéia, “gente”, disse, “ainda estou com um visto bom. Vou voltar para a América, o objetivo agora é outro, construir um campinho de futebol soçaite, uma piscina, depois vendo tudo, faturo uma grana, compro um apêzinho e vou morar em Ipatinga, gostei de cidade grande, viu”.

Voltou! Achando que tudo ainda eram flores, que bom, sonhou com o mesmo officer da Immigration carimbando seu passaporte. Mas, dessa vez, o pessoal não foi tão simpático. Deu salinha de segunda busca, perguntaram (tudo em inglês, claro!!) quanto tempo o senhor ficou aqui, “6 meses” disse Brazilino, mas os officers logo viram que era mentira, “e o que que o senhor ficou fazendo aqui,” essa foi difícil de entender, mas falou, “I am a tourist, vim passear”. Demorou mais uns 50 minutos, até que veio um senhor muito educado falando espanhol e disse,”mi señor, venga conmigo”. Levou Brazilino para outro salão, aonde haviam outros Brazilinos aguardando alguma coisa, sem saberem direito o que ia acontecer. Resultado, deportação! “Mas porquê, perguntou pro coroa hispano, porquê, meu visto é bom, vim passea”..” -Si, señor, pero no se pasea solamente con 38 dolares no bolso. Os officers disseram, o senhor já passeou bastante nos States. Hora de voltar pro Brasil”!

AZAR. OU....INCOMPETÊNCIA?


Brazilino é criação de Claudio Piereck.
Escrito por Phydias Barbosa

segunda-feira, outubro 11, 2004

NETWORKING E O RELEASE DO PANTA

NETWORKING: point of inspiration ; Tento lembrar sempre da sugestão do grande líder do marketing americano, Jim Rhom - Networking is everything. Essa frase nunca tinha me caído completamente, mas agora, depois de 23 anos andando prá e prá lá aqui nesse país, pude perceber o ditado. Se você se relaciona com o mundo em volta, se conhece pessoas e mantém um diálogo semanal com amigos e conhecidos que vai fazendo, você estará sempre deixando uma porta aberta para o conhecimento e o enriquecimento da sua vida cultural. E pode ganhar muito dinheiro com isso!


FOR IMMEDIATE RELEASE

Phydias Barbosa
APRESENTA
LUIS PANTA, músico e compositor gaúcho.

Quem é Panta?

Ele está na estrada há muitos anos. A família mudou-se de sua cidade natal, Porto Alegre, em 1969, fazendo uma trajetória incrível. Ainda menino, morou na Paraíba, de lá para a Inglaterra, onde estudou música em Birmingham. Em casa, ouvia música clássica e pops como Beatles e Rolling Stones, influenciado pelo pai.

Por um curto período, voltou a João Pessoa, mas sentindo-se estrangeira em terra brasileira, a família resolveu estabelecer-se de volta em Porto Alegre. Tudo isso, entre 1969 e 1978, Luiz Panta com nove anos de vida e uma experiência incomparável!

Começou a tocar violão em festinhas particulares e aos 13 anos, comprou sua primeira guitarra, uma Giannini Les Paul.

Em 1988, deixou o Brasil de novo. Dessa vez, sòzinho. Foi para Madrid, Paris e Londres, lavando pratos, trabalhando de garçon, tocando Lambada e Axé para sobreviver.

Chegou aos Estados Unidos via Nova York em fins de 1989. Trabalhou em obras, construção, foi auxiliar de padeiro, mas sempre com seu instrumento debaixo de braço, buscando uma chance um lugar ao sol. Estabeleceu-se em New Jersey.

Passou a tocar seu violão acompanhando uma cantora brasileira em Nova York, o repertório era sempre Bossa Nova e Som brasileiro. Trabalhou em night clubs e conheceu Dominick Minots, com quem foi morar como room-mate.

Momento de Crescimento Profissional

Luiz Panta, foi então, convidado para morar, tocar e cantar em Milwakee, Wisconsin, perto de um dos famosos grandes lagos americanos, o Michigam, próximo da cena musical de Chicago. Estudou Jazz Guitar no Conservatório de Música local.

Colocou um anúncio no jornal e conseguiu várias gigs com uma banda de Rap local e completou um curso técnico de Gravação Digital usando computadores, que o iria ajudar em futuro bem próximo.

De volta a Portinho, tocou com vários músicos e intérpretes locais, fazendo apresentações também no Teatro São Pedro, quando recebeu o convite para ingressar na banda Sargent Pepppers.

Logo veio a oportunidade de gravar seu primeiro CD, Comfortable Soul, produzido em Londres com a ajuda do amigo Dominick Minots. Usou computadores, grooves eletrônicos e uma guitarra Ibanez, estilo George Benson, comprada usada em Amsterdam.

O CD foi lançado em Porto Alegre em 1999, com a banda Mr. One, celebrando com ritmos pops a fé das danças de pista. “Let’s groove, let’s dance, let’s romance” é o lema deste seu primeiro disco. Durante os próximos 3 anos, participou intensamente da vida noturna gaúcha, tendo ganho o primeiro prêmio no Festival de Música Moenda da Canção, em Santo Antonio da Patrulha.

Panta mora atualmente em Porto Alegre, aonde abriu um Pub, o Abbey Road, atuando como diretor musical. Em 2003, foi considerado pela Revista Veja “a melhor casa de música ao vivo” de Portinho.

Em 2002, produziu o seu segundo CD, Uma Pequena Porção de Vida, junto com o baixista Zé Natálio, da banda Papas da Língua, mixado no estúdio Bebop em São Paulo e masterizado por Dominick Minots em Boston.

Uma Pequena Porção de Vida

Este segundo CD foi lançado em fins de 2003, reproduzindo tanto na capa quando nas letras e músicas as histórias vividas desde a sua infância na Paraíba, Inglaterra, Estados Unidos, Porto Alegre, etc.

Um mix de influências formatam o tema do disco com a cultural musical de Panta, que teve início aos 8 anos de idade na escola primária da cidade de Birmingham, Inglaterra.

O CD contém baladas, rock, bossa nova, contos, violas, guitarras e grooves. Revelando a intensidade dos pequenos pedaços da vida de Panta e das vidas de cada um de nós.

Em O Ogro, uma balada, fala da ilusão que se confunde com a paixão. Em Platão, outra balada, manda recado às quatro horas da manhã.

Com Te Quero Bem, rock n roll manso, pede a um amor oculto que ilumine a sua estrada, querendo bem que você seja feliz.... Na faixa Quando Entardecer, lembra Lulu Santos, “o telefone tocando, entrei num site pirado, meu dia virou a esquina, te convidando prum lance”... Em Quando Entardecer, revive o estilo oitentão do Fleetwood Mac, principalmente no vocal e no refrão. Quando Panta canta Eu Insisto num Beijo, as adolescentes aqui da casa caem em murmúrios e ham hams. Perdido em duas dimensões, canta o belo All I Want em inglês, dizendo que All I want is to be with you, tell me what do you see...

Você ainda vai gostar muito de escutar e acompanhar o Panta em Pensa Bem (Você tem que acordar...e levar a sua vida) , em Suzie (Ela só quer amor), Panta me dá a sensação de reviver os Mutantes. Em Venha Já ( Alfabeto com sabor de mordomia) e Por Você (Todos nós que choramos baixinho, rezamos sozinho com medo da ilusão), continua no rock balada, bem gostoso de ouvir e que tem tudo para agradar o leitor ávido por coisa nova e que conseguiu ler até aqui a ser um pouco mais feliz na América.

Agora é só ouvir o CD e se deliciar, como este locutor que vos fala. Para adquirir um cópia, tanto do Groovão COMFORTABLE SOUL (1999) e do eclético Uma Pequena Porção de Vida (2003), entre em contato com Dominick Minots, através do telefone (617)
Você também pode acessar a home page: www.luizpanta.com.br .




Phydias Barbosa











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LEVEI RAY CHARLES NO MEU TÁXI (2)

ou...THE SONG....


Quando era motorista de táxi em Los Angeles, de fato tive a sorte de conduzir Ray Charles, do Aeroporto LAX até seu Estúdio em West Los Angeles.

Fui motorista de táxi de Março a Julho de 1990 ! Coisas do destino de um “cineasta rebelde”, como diria Alcione Franco. Tentei levar uma conversa legal com o cantor, mas ele não me deu muita atenção, pois estava ocupado em dar uma bronca no seu manager, “Where is the fucking limousine? A cab? A Brazilian driver? Get out of here!”

Nessa época, os trabalhos de produção deram uma parada e eu me ví no meio de um monte de contas a pagar, Nicholas com 8 anos, em escola particular! Los Angeles é uma cidade cara, afinal para viver em Hollywood não é suficiente ter cancha, saber falar inglês e ganhar uns trocados. É necessário buscar mais grana o tempo todo. Um sufoco! Tive que correr atrás de uma oportunidade que me trouxesse uns 3 mil dólares por mês e o L.A. TAXI foi a salvação.

Passageiros ilustres? Só um: Ray Charles.

Sexta feira passada, 11 de Junho, Ray Charles morreu! O mundo inteiro já sabe, mas tem duas pessoas de Macaé que marcaram uma época Ray Charles na minha vida, por isso mando uma cronaca familiare, aí pra Santa Terrinha - (com licença, Tonito).

Vale aqui uma introdução: Levei Ray Charles no meu Táxi, a crônica 1, foi publicada no jornal Folha Macaense (Martinho Santafé, Romulo Campos, lembram?) lá pela época em que conduzí o próprio em meu táxi, o 1472, pelas ruas de Los Angeles. Esta “segunda parte” é uma sequela, porém sem o mesmo apelo. Afinal, Ray Charles morreu!

Por isso, sei que Dalvinha e Ricardo Meirelles estão, pelo menos nestes dias após a morte do grande cantor cego, lembrando-se de mim! E como não sabem onde ando, faço desse periódico meu veículo. Também, penso comigo mesmo, mas resolvo arriscar: será que se lembraram mesmo? E se for só fantasia minha? It doesn’t matter…

Dalvinha, (Edalva Nunes Barreto, na época) a primeira da lista: Em 1959, ela me pedia para cantar “I Can’t Stop Loving You” no palco da Primeira Igreja Batista de Macaé. E pedia bis!! Que coisa, eu era cantor e não sabia. Dalvinha me aplaudia! Eu tinha 11 anos! Imitando Ray Charles….

Meu vício pelo cinema levou-me a conhecer Ricardo Meirelles, dentro do Cine Taboada, por volta de 1960. De “Charlitos”: Vimos um anúncio de um filme com Carlitos e êle (Ricardo) dobrou a língua e sem querer leu Charlitos, daí esses apelidos “charles”, “charlitos”, que nos ligava à música e ao cinema o acompanhou por longo tempo: pergunte a Lincoln Gil, Eisaburo Mori, José Peixoto, Lia Meirelles, Priscila, Moadir Vitorino e a outros que já estão no céu, como Drauzo, Euzébio e Toscano. Se não me acreditar ou se os “vivos” não confirmarem e isto será por pura falta de memória, os que “lá” estão, confirmarão.

Mas o que tem a ver Ricardo com Ray Charles? Ora, eu também cantava Stella by Starlight, no quintal dos Vieira, imitando Ray Charles quase sem sotaque e tentando reviver aquela voz rouca do crooner americano que tanto me impressionava. A letra da música começa assim “The song….”.

Uma vez, em São Pedro d’Aldeia, de férias na casa dos tios do Meirelles, tínhamos acabado de acordar, Ricardo levantou-se e foi pelo corredor da casa cantando Stella by Starlight para a empregada, que ao vê-lo nú, saiu correndo. Nunca mais me esquecí da música, vendo o Meirelles pelos corredores, balançando o pinto e cantando: “The song…”

Na sexta feira, foi-se um ídolo mundial. Infelizmente, dividiu as manchetes do dia com o enterro do Ronald Reagan. Mas, certamente, para milhões de fãs, foi a nota mais triste da semana. Ajuda a me manter vivo, com o exercício da mente em forma, sem esquecer os detalhes de algumas aventuras infantis.

Phydias Barbosa.



domingo, setembro 19, 2004

O CASO DOS CARRAPATOS

Brazilino dessa vez teve que contar com um detetive para resolver o seu problema.

Mesmo assim, porque ele sentiu tudo acontecer na sua própria pele. E demorou um tempão para aprender que bedbug é um bichinho que circula pelas camas, colchões, sofás, futtons da maioria das famílias que mora na região de Allston e Brighton.

Tudo começou quando Brazilino teve que sair de East Boston correndo porque a imigração estava prá bater na casa; um dos honoráveis indivíduos que compartilhava da moradia estava sendo procurado e como ali ninguém tinha papel...muda todo mundo, “cada um prum canto e de preferência arruma logo uma maneira de ir mudando de nome, de carro e de carteira internacional.”.

Uma coisa relativamente fácil de se fazer em New England, o importante é ter os contatos. Um negócio não muito honesto, mas não deixa de ser uma resposta dos indocumentados à burrocracia emperrada americana. E ajudado por americanos que se enriquecem com isso, claro, às custas do próprio imigrante, melhor mesmo é participar dessa roda viva extra oficial e tentuplicar o salário do Brasil.

Afinal, o ilegal dos ilegais é não documentar. Não dá prá documentar porque o processo e o capitalismo desenfreado não deixam e o Brazilino nesse caso tem que se virar, descola então um nome falso. E vive tranquilamente com esse outro nome.

Outro dia, um conhecido de um amigo meu que trabalha num Star Market afirmou que seu amigo, que em Criciúma se chamava Genésio, já estava tão acostumado com o novo nome, que nem deu bola quando a própria tia passou de carro e o reconheceu na rua e gritava Genésio, Genésio e êle nem com êle! Achava que era com o hispaninho que caminhava ao lado em direção ao T.

O problema é que Brazilino teve que se mudar para Allston, junto com mais 4 ou 5 que estavam chegando também e a data era perfeita, um montão de gente também se mudando de um lado para outro, a estudantada toda se movimentando, um monte de caminhão de mudança pela rua e, claro, um montão de LIXO.

Você já achou alguma coisa no lixo, levou prá casa? Então, todo mundo acha, não é mesmo? Brazilino também! Achou um sofá cama lindo, de três lugares, confortável, beleza para assistir a Globo Internacional.

Com a ajuda de dois companheiros, foram carregando o sofá pela rua, da Commonwealth Court até a Kelton, pertinho da Allston Street.

Subiram com o sofá pelas escadas, meio aos trancos e barrancos, fazendo um barulhão e chamando a atenção dos vizinhos no andar de cima.

Brazilino tinha finalmente descolado o seu canto na casa, botou o sofá perto da janela, de frente para a Tevê e ali se instalou, sem saber que o perigo rondava.

Alguns dias depois, começou a se coçar! Se coçava todo, não podia imaginar o que era! Foi na farmácia, fez mímica, o rapaz da CVS mostrou um creme, passou o creme, aliviou um pouco, mas o efeito foi mínimo. Ficou sem trabalhar uns 4 dias, se coçando e amaldiçoando a falta de tempo para ir se matricular no Free Care, todo mundo tinha Free Care, menos ele! E agora, Brazilino? Que foi que aconteceu?

Só chamando O Sherloque de Ipatinga!


BED BUGS, PERCEVEJOS, CARRAPATOS ou NÃO LEVE O “LIXO” PARA DENTRO DE CASA!!!


Intervalo necessário para a explicação do Sherloque de Ipatinga.

Bed bugs, mais conhecidos por fazerem muitos brazilinos sambarem ao som do seu rítmo noturno, também inferniza a vida de muito americano. O renascimento desses pestinhas, que se pensava estarem instintos na América, começou em hotéis baratos, em seguida infestou casas, condomínios, dormitórios de faculdades, aviões e até navios de cruzeiro.

Sherloque descobriu logo por onde começar!

Brazilino, então, perguntou ao Sherloque de Ipatinga: “Mas, me exprica aqui, o que é esse tar de bedbug?” Bed bugs são insetos achatados, com uma forma oval e mais ou menos com uns 3/16 avos de polegada ou do tamanho de uma semente de maçâ, manja....? Eles são marronzinhos, até atingirem a maioridade, aí se tornam avermelhadozinhos. Os vermezinhos FDPs adultos podem viver durante mais de uma ano sem se alimentarem e suportam temperaturas extremas, sendo assim, portanto, de difícil exterminação.

Onde é que esses desgraçados ficam?
Costumam se agrupar bem próximo da sua fonte de alimento: você! Durante o dia esses insetos noturnais desaparecem enfiados em colchões, lençóis, móveis, atrás das cabeceiras das camas, quadros, até mesmo enfiados no meio do papel de parede. À noite, os vampirinhos saem para comer, atraídos pelo hálito do inocente Brazilino que dorme e pelo corpo quente da Brazilina cansada.


Mas cumé que esses carrapatinhos inocentes atrapalham tanto?
Eles são uma desgraça. Quando se alimentam, deixam sua pele totalmente coçando, com umas bolinhas de sangue tipo espinha encravada, mas o pior é que as mordidas não dóem. Na hora, você não sente nada. Só vai sentir depois, porque embora as mordidas não doam, muitas vítimas só vão notar que têm um problema até que esteja tudo infestado. E aí é tarde demais!!!

PEGANDO CARONA – Os carrapatinhos de Allston Brighton também andam de carona, os moleques desgraçados. Uma vez que chegam na sua casa através de algum móvel, êles se espalham rapidamente de um quarto para o outro – viajando de graça pelas roupas e pelas malas, caixas, bolsas, através dos canos dos heaters, até mesmo através dos vacuum cleaners. Os pestinhas são difíceis de exterminar e precisam que você contrate um profissional: O CARRAPATO-BUSTER!


Brazilino, então perguntou: “Cumé que eu sei que minha casa tá infestada?”

Os carrapatos, ou percevejos (J), como querem alguns, deixam um rastro, uma mancha de cor marron ou avermelhada nos seus lençóis. Uma grande infestação de carrapatinhos allstonianos brightonianos cria um cheiro de brejo, meio doce, meio velho, como uma garrafa de coca-cola que ficou aberta durante alguns dias, esquecida num canto. As mordidas dessas criaturazinhas deixam coceiras, marcas vermelhas pelo corpo inteiro, já teve gente de chegar na cozinha com o rosto todo infestado e a rapaziada do primeiro shift, na hora do breakfast, levar um susto desgraçado! Verifique esses sinais de infestação quando viajar de um lado para outro em Massachusetts, (principalmente Allston-Brighton). Evite levá-lo para casa com você!

O que devo fazer se notar que tenho carrapatos-percevejos-bedbugs em minha casa?

Os vampirinhos são difíceis de localizar. Tratamento para terminar com a infestação deve ser feita por um profissional. Pois exige que a pessoa tenha uma licença, precisa ser um pest control operator, com experiência em tratar dos pestinhas. A exterminação demora e necessita ser revisada e inspecionada por um departamento competente, um problema que está sendo discutido amplamente pela administração dos dois bairros. Experiência e treinamento são situações-chave no sentido de localizer, identificar e eliminar estes insetos especiais. E prepare o bolso, Brazilino, ou faça um acordo com todos do prédio: moradores, landlord....procure o Centro do Imigrante e o MAPS, já há propostas sendo encaminhandas às prefeituras. Participe ou pelo menos, Informe-se!
NÃO LEVE OBJETOS DO LIXO PARA CASA!!!!


Phydias Barbosa

quarta-feira, setembro 01, 2004

Meu amigo Arnaldo Baptista

AGORA, o mais interessante da semana foi o que aconteceu no escritório onde trabalho; é uma empresa americana, que edita um Guia internacional de companhias que operam vôos charters executivos e táxis aéreos. Meu trabalho é divulgar, promover e solicitar negócios de publicidade para a edição. Todos que lá trabalham são estrangeiros, sou o único brasileiro.

Um dos vendedores, o Paul Kontaratos, de pais gregos mas nascido aqui, de repente se vira para mim e pergunta se eu conheci uma banda brasileira dos anos 60 chamada Os Mutantes.

Olha só que estranho. Nunca pensei que um americano contemporâneo fosse imaginar quem seriam Os Mutantes.

Eu disse que sim, que conhecia a banda e que tinha falado umas duas vezes com o Arnaldo Baptista e com a Rita Lee nos anos 60, na época de loucura que vivi com Eloênia Mazarelli, uma beatnick que me levava para São Paulo para fazer parte de um momento interessante da música popular brasileira, sem que eu notasse. Dei logo uma dica para ele, que abriu o site da Rita e ficou se deliciando com as fotos dos tempos de Mutantes da carreira dela. E eu me lembrando do Festival da Record em 68.

No dia seguinte de manhã, encontrei na minha mesa o CD do qual ele comentava. Um álbum lançado pelo selo do David Byrne, com uma seleção do melhor dos Mutantes.

Fiquei ouvindo o CD no meu carro durante uns três dias, comecei a me imaginar no Solar da Fossa, jogando voleibol com Caetano, Gil e Rogério Duprat, tomando umas cervejas e muita conversa fora com um escritor português, o Antonio Tavares-Telles. Tudo por conta da Tropicália.

Daí, dirigindo entre Brighton, South Boston, Somerville, Malden e Cambridge, escutando o CD dos Mutantes, senti que precisava re-encontrar amigos antigos, teclei no Google o nome do Tavares-Télles e não é que o amigo intelectual apareceu logo, como colunista de um jornal português. Mandei um email, logo respondido por sua filha, a Rita dizendo que para se comunicar com o Tavares-Telles, ligue para...em Portugal. E falei com o portuga, hoje! Impressionante esses anos 2000!

Abençoada Internet! Outro dia achei o Glaico Costa, ainda morando em Monteiro Lobato e exibindo sua arte em galerias de São Paulo. Encontrei também a Tonia Hernandez Perea, hoje diretora da principal biblioteca científica de Barcelona. Nós nos cruzamos em 1981, nas Ramblas de Cataluña. Dividimos uma casa em La Floresta Terruel e um ático em Sitges.

Para encerrar a terça-feira, último dia de Agosto, abri o site da Lagosnet em Macaé, porque afinal o Luciano (Bavarotti), da Imarketix andou dando uma bicadinha aqui pelo Blog e logo vejo...o que?

Arnaldo Baptista faz show em Belo Horizonte! Lançamento do Let it Bed. Quero saber como foi....


Recordar é viver!!!!

Até mais! Continuem me apoiando, eu imploro o seu perdão!!!!

Phydias Barbosa

Da Festa pro Camburão

Brazilino sempre teve vontade de comprar um carro, mas para comprar um bonzinho, funcionando direitinho... nosso personagem da semana teve que economizar uma boa quantidade de dólares, porque na verdade ele pensava em fazer a lotada uns dias por semana, para ajudar na gasolina e no pagamento do Buy Here, Pay Here.
Pensava, porque esse Brazilino não é mole, sempre dando furo aqui e alí, se esqueceu de alguns detalhes e sideumal!
Encontrou um carro japonês cujo motor estava numa boa, descolou $800 dólares pro down payment, mostrou a carteira internacional, uma conta da Verizon e assinou um monte de promissória, com um juro que Deus me livre, mas o carro era necessário, para ter mais tempo de viajar entre as cidades e pegar uns buzy nas pinturas e obras disponíveis. Levando junto a rapaziada pro help.
Se ligou nas mordomias do veículo: CD player, Ar condicionado, vidros elétricos, no Brasil nem pensar, no máximo um Gol 88, aqui saiu da agência com um carrão 95 de dar inveja a qualquer morador de classe média alta de Santo Antonio do Amparo. Pensou logo em mandar uma foto pela Internet, prá deixar o pessoal babando. Teve pouco tempo!
Pensando nas 24 prestações de $239.50 que tinha a pagar pela frente, Brazilino se distraiu, ficou parado na porta de casa mostrando o carro pros amigos e pensou: amanhã faço o seguro!
Mas, sempre aparece aquele Lúcifer da floresta para infernizar a vida dos outros. Um colega veio convidar para irem inaugurar o carro num desses shows brasileiros de quinta-feira. Brazilino pensou 2 vezes, mas logo cedeu, dizendo claro é aqui pertinho, vamo nessa. De manhã eu vou no seguro, primeira coisa....
Animado, Brazilino consumiu pesado e já estava pensando em pedir pro seu colega voltar dirigindo prá casa, mas cadê o desgraçado? Cantando junto com os candidatos a cantores que se substituiam no palco a cada música famosa que tocava, o xinfrim deitou num canto e ficou ali, balbuciando e babando, sem poder se mexer muito.
Brazilino até pensou em voltar a pé prá casa, mas desistiu. Não tinha um conhecido para dar uma carona. Então, entrou no carro, ligou o motor, foi engatar o Drive, meteu o Rear, pisou no acelerador e ali mesmo, no estacionamento, enfiou o carro numa Mercedes 2004 novinha!
O dono não demorou a chegar, aliás o lugar é cheio de seguranças. Não dava prá sair correndo. Brazilino trêbado!
O motorista da Mercedes chamou a polícia, pois notou logo que era um caso de DUI, isto é Driving Under the Influence.
Em literalmente 8 minutos Brazilino estava algemado e preso dentro do camburão. Falta de documentação, sem seguro, dirigindo embriagado, uma nota preta de contas prá pagar e ainda por cima, o doce pensamento de saber que vai ter que enfrentar uma corte e gastar num total aí uns 8 ou 10 mil dólares. Se der sorte de não ser deportado!
Azar ou Incompetência?

Brazilino é criação de Claudio Piereck (Miami) Escrito por Phydias Barbosa

sábado, agosto 28, 2004

TO ALL MY FRIENDS

After a long time thinking and postponing, I finally decided to publish my Blog. You can now read articles and send me your feedback.


Amigos, depois de muito tempo pensando, decidi publicar o meu primeiro Blog, o The Brazilian Courier. Interessante, pois esse título me traz memórias interessantes de metade dos anos 90 na Flórida.


THE BRAZILIAN COURIER, Flórida anos 90.

Lançado e promovido numa época em que era comum a visita de milhares de crianças brasileiras à Miami, terra prometida do Eldorado, à época, os lançamentos como o Shopping do Jacaré, SawGrass Mills dividiam a atenção entre as lojas brasileiras Victors, Brasilia, Carol Shop e outras. Nesse ambiente, trabalhava o brasileiro ilegal de então. E o Brazilian Courier servia de gancho entre essa galera de Miami, com o que havia de melhor em Pompano Beach, Fort Lauderdale e Deerfield. Nasciam lojas de remessa, O Restaurante Brazilian Tropicana já fazia sucesso e os shows começaram a aparecer.

O Brazilian Courier passava pelas mãos de todos os leitores disponíveis. Nessa época, além de publicar o Courier eu tinha um segmento num programa de Tevê do Luciano do Vale, às vezes dava um apoio de produção ao Pastor Álvaro de Sá, sem nunca ter sido pago. Ainda bem que o meu conceito de distribuidor Herbalife era bom, vendia muito produto e isso me mantia vivo. Quando algum produtor brasileiro se lembrasse de mim para um comercial, o bolso dava uma inchadinha de dólares e procurava fazer o melhor. Assim foi com a ajuda que dei nas produções de Deus nos Acuda, de Perigosas Peruas e de Que Rei Sou Eu?, todas da Globo.

Além de ficar um ano inteiro pesquisando para fazer o comercial de Palmolive com Antonio Banderas, também levantava um montão de orçamentos para filmar com a Jodaf e outras produtoras de comerciais do Brasil.

Vivia nas noites, já que tinha me separado da Hilza em 92, procurando namorada. Achei algumas bem interessantes, quis casar com todas, mas sobrou para Elaine em 94. Nos bares, boites e restaurantes de Miami a Boca Raton durante 2 anos, sobreviveu o Courier.

Até que publiquei a última edição, pois meu trabalho como distribuidor ficou sério com a parceria que fiz com Elaine. Comecei uma outra etapa, que fica para contar mais tarde.......

Por enquanto, deliciem-se com o persongem BRAZILINO, criado pelo meu amigo Claudio Piereck na época em que era colaborador do Courier e desenvolvido por este locutor que vos fala. Nessas versões, Brazilino é cada um de nós que vive pelos Estados Unidos, correndo atrás de uma vida impressa em dólares.

Uns " pagam mico " como dizem meus filhos, outros sidãobem. Cada um com sua verdade natural, sua malevolência e esperteza brasileira.

Hoje é fácil observarmos pelas ruas e estradas de Massachussets, quando passa um carro cheio de brasileiros, ou indo pro trabalho pela manhã, ou indo se divertir num balneário do Norte. Brazilinos estão trabalhando em todos os lugares, o idioma português, como se fala em Minas Gerais, é o mais ouvido na Nova Inglaterra, seguido de uma puxada sulina com os colegas brazilinos de Criciúma e adjacências. Uau!!!

Mais do que tempo de haver um registro dessa passagem, de uma forma curtida e moderna, na forma de um personagem único, NÓS!!

Com vocês, Brazilino!!

Com um abraço e um (pãozinho de) queijo

Phydias Barbosa
Barbosinha 57
phydiasb@yahoo.com

BRAZILINO 4 VEM AÍ!!!
"Da festa pro camburão"


Comprando uma dor de cabeça

Quando Brazilino chegou em Boston, foi morar num prédio caindo aos pedaços no South End da cidade. Sorte dele, pois em pouco menos de um ano, uns salvadorenhos que moravam em 8 ou 9 no andar de cima, resolveram sair. Quando o landelórde apareceu, viu o estado precário do apartamento, resolveu vender por uma bagatela. Brazilino, que passava na hora, mexeu no bolso e na conta do Banco, viu que tinha economizado uns dólares de tantos meses trabalhando 18 horas por dia na construção, na dixa ou no rúfe e ao invés de mandar o tutu para Minas, resolveu investir aqui mesmo. Sideubem!
Depois de 2 anos limpando e renovando a moradia, um loft do final dos anos 1800, vendeu o espaço com um lucro 4 vezes maior que o investimento e aí sim, despachou 3 mil dólares por semana durante os próximos 6 meses, quase 70 mil dólares cash, para sua família comprar 4 apartamentos para alugar em Resplendor.
Tudo parecia ir às mil maravilhas. Mas, por um desses motivos que só Deus sabe, o prédio aonde compraram os apartamentos em construção nunca ficaram prontos, o engenheiro-chefe desapareceu para o Suriname com o salário dos trabalhadores, diz que para iniciar uma vida de garimpeiro e Brazilino, com pena da família, bancou a vinda de todos para Boston.
Mineiro dificílmente descola visto no consulado para vir para a América. O máximo que consegue é chegar no México e tentar a travessia pelo deserto, ajudado por coiotes, um bando de miseráveis que só maltrata a rapaziada, podendo até estuprar, bater, matar e desaparecer com o indivíduo. Por isso, Brazilino se assegurou que sua família viesse prá cá com coiotes de classe, evidentemente um pouco mais caros! Mas, afinal, 18 horas na obra, na dixa e no rúfe não mata ninguém e ele sempre economizou seu dinheiro, sem gastar nas noites brasileiras e nem correndo atrás de mulher.
Quando a família chegou, um veio vindo atrás do outro, cada semana chegava um (duas irmãs, um irmão, papai e mamãe). Foi uma emoção. Botou logo as meninas prá trabalhar no Clín, o Zequinha foi prum Dunkin de Everett e papai e mamãe começaram a fazer marmita para fora. O paraíso em Somerville!
Mas, Eunice e Candinha logo se revoltaram. Desistiram de limpar privada de americano, que isso elas jamais teriam que fazer no Brasil. Zequinha se enfezou com um cliente do Dunkin que reclamou sério dele com o gerente. Tudo por causa da quantidade de açucar do café! O business de papai e mamãe só durou 3 meses, pois os vizinhos reclamaram do cheiro de gordura no corredor. Enfezados, resolveram ir embora pro Brasil. Com a grana que soboru dividido pelos quatro, compraram passagens One Way e voltaram para Resplendor. Deixando Brazilino com a conta dos coiotes na mão para pagar. Alguns milhares de dólares mais tarde você acha que isso é…….

Azar ou Incompetência? *Brazilino é criação de Claudio Piereck

O Passaporte Portugues

BRAZILINO NA AMÉRICA (2)

O Passaporte Português

Brazilino saiu de uma pequena cidade do interior de Minas, “passou voando” pelo Rio de Janeiro, “num deu nem prá vê o CrissRedentô”, entrou num aviazão, com uma roupinha de Domingo. Quase num susto, deliciado com as luzinhas que via lá de cima do céu, apareceu de repente na cidade do México. “ Nossa”, pensou Brazilino. “Que emoção, foi aqui que o Brasil foi tricampeão!!”

Detestou comida mexicana,”um tar de burrito, pimentado que nem malagueta, só prá burro meis, sô“. Demorou prá curar a diarréia. Saiu de uma pensión, entrou em outra, os coiotes não falavam que dia iam fazer a travessia e nem por onde. Entrou em outro avião, esse menor que o outro. Dez dias depois, estava dentro dum “trunk” de um carro com fundo falso, passando ileso e ilegal por Tijuana.

Dalí prá pra San Diego foi um pulo, outro Aeroporto, mais algumas horas e chegava a Nova York. Cansado, mas feliz. Como disse um mexicano pro outro: “Este brasileño está jodido, pero contento”

Numa noite qualquer de 2002, deu as caras na casa dos conhecidos em Boston.

Chegou e já foi logo substituindo um dos irmãos na “disha” noturna.

Mas nosso herói descobriu uma turma de brazucas estacionada no
“parking lot” do Brooks de Allston, viu que o local era ponto de encontro para se descolar um “help wanted” em qualquer área de serviço.


Logo descolou trabalho como bricklayer, sua profissão no Brasil

Daí pra comprar uma tevê pra assistir a Globo foi um pulo. Três meses depois, deu entrada num carrinho Nissan popular, usado e barato. $400 dólares de entrada e $38 por semana. Maravilha, em Central, Brazilino no máximo dirigiu um trator. E nunca teve carteira de motorista!

Comprou a carteira internacional, fez o ITIN, abriu conta na Verizon, obteve por milagre e rapidez americana o seguro do veículo e foi logo prá rua conquistar quem sabe, 3 full time, ou uns 5 part time por semana. O negócio em Boston é fazer como todo mundo: “faturá uns dóla” para pagar os coiotes. 11 mil e quinhentos.“Dóla!”

Se possível, trabalhar até 100 horas e ganhar entre 800 e 1200 por semana. Dane-se a saúde. Desde que tenha TV Globo em casa e um feijão com arroz, mesmo que seja às 11 da noite, tudo bem!

Alguns meses depois e feliz da vida de já ter terminado uma casa e indo limpar outra no dia de folga, Brazilino passou o sinal vermelho e a polícia o parou!

Foi um sufoco! Mais de 1 ano de Boston, sem falar uma palavra de inglês, Brazilino ouviu o que o officer falava, sem entender nada do que ele dizia.

Mas balançava a cabeca, fazia que sim, que não, OK. E o policial entregou a multa um papelzinho: Comparecer a Corte tal dia tal hora….

Brazilino teve que contratar intérprete e bancar o custo da corte.

Sem entender nada, sempre fazendo que sim e que não para o intérprete, Brazilino foi levado para uma salinha e o obrigaram a assinar um papel. O intérprete deu a má notícia. Deportação!


Mas pensa o quê!! Depois de um tempo contando prosa em Central dentro dum Fiat velho do primo, Brazilino está de volta! Comprou passaporte português, mudou de nome, conheceu Lisboa por 3 dias, arrumou uma dívida compensatória com os amigos brasileiros dos coiotes e trabalha num Restaurante chic, rapaz, ganhando uns $40 de gorjeta por noite, mais o salário por hora. Já está terminando de pagar as dívidas e daqui a pouco começa a construir em Central. Do Brasil.




Phydias Barbosa

A Entendida do Dunkin

BRAZILINO NA AMÉRICA (3)

Phydias Barbosa

A entendida do Dunkin


Marcinha, uma Brazilina descontraída, chegou com um primo pelo México, vieram de avião de uma cidade do Texas. Foi logo mexendo com faxina em Providence, mas dois meses depois embarcava num ônibus da Peter Pan, surpresa com a virada do primo, que resolveu se casar com um “gay” : Lá em Freminghém tem mais oportunidade, rapidinho tu arruma um emprego, dise o primo. E saiu Brazilina prá conquistar a América!

Por sorte, viajou do lado de mais três brasileiros descolados que já vinham para Boston com indicação para trabalhar em construção. Vamos para Lowell, disseram. É perto de Freminghém?, perguntou Brazilina, que nem o mapa de Massachussets tinha visto ainda.

Papo vai, papo vem, todos notaram que tinham chegado há pouco do Brasil via México e já estavam viajando pelos Estados Unidos, sem precisar falar uma palavra de inglês. “Santo país! Aqui todo mundo fala português” .

Assim sendo, sem precisar falar uma palavra de inglês, Brazilina logo descolou um outro emprego de faxina, trabalhando pra equipe do Tião, que todo dia a buscava em casa mais uma colega e iam fazer 3, 4, às vezes até 5 casas num dia só.

Tudo ia muito bem, mas nossa Brazilina, algum tempo depois, cansada, percebeu que estava sendo passada para trás. O Tião, que parecia ser muito legal no princípio, deixou transparecer que estava faturando um bom dinheiro com o trabalho das duas e já as chamava de “minhas meninas”. Ela bem que notou que o Tião andava de carro novo, não saía do celular, com relógio Rolex no pulso, bancando o almoço todos os dias no Café Belô....

Pera lá, comentou Brazilina com a colega. Isso é muita incompetência de minha parte, não vim para Boston para virar lucro de ninguém, isso aqui não é bordel, é um tal de limpar latrina, casa de cachorro, cocô de gato, tirar o lixo, separar garrafas, passar roupa, limpar o quarto da madame, vacunar o livinrúm. E o desgraça do Tião ainda me deixa esperando horas para vir me apanhar no serviço.

Rodou a baiana “vou entrar num cursinho de ingrês” e aí se matriculou num desses cursos espalhados pela grande Boston, que oferecem ao aluno um pacote para falar inglês em 6 meses! O rapaz do cursinho foi explícito, tem que estudar e fazer o homework. - Vou falar em 3!, disse Brazilina.

Mas, faltava muita aula, o schedule de faxina aqui em Boston não é nada fácil. Como é que ia prá aula se ela saía de Newton às vezes por volta das 6 horas da tarde, cheirando a guarda-chuva velho, ir em casa, tomar um banho, prá ter aula em Freminghém às 7?

Por isso, faltando mais aula do que comparecendo, Brazilina lutou e finalmente conseguiu um emprego num Dunkin, afinal o social falso foi mole de conseguir, descolou com um amigo do Tião, foi muito fácil sô, foi só dar o número do telefone de Ipatinga, trocou um dígito e com o novo trabalho, achava que dizendo gúde mornin, ráu ariú, dava prá enganar. Treinou uns 5 dias e já ficou apta para atender no balcão, mas no início não fazia o troco, só separava os pedidos na hora do rush e depois entrava para a produção na bakery.

Foi quando o manager chegou e explicou que um pacotinho que estava do lado era o TO GO do Mr. Smith, o outro era o TO GO da Mrs. Scott e uma grande bandeja ao lado era do FOR HERE.

O dia passou sem muitas novidades, os donos dos To Go vieram todos, mas lá pelo meio da tarde, Brazilina comentou com a colega que o Mr. Smith foi buscar o TO GO dele, assim como a Mrs Scott. E completou Brazilina...Mas o FOR HERE não veio até agora!!!

AZAR...OU INCOMPETÊNCIA?


Brazilino é criação de Claudio Piereck





Novos Crimes do Amor

Novos Crimes do Amor Nota do autor: Para escrever este conto, eu me baseei em crimes realizados no seio da comunidade brasileira...