sábado, outubro 15, 2005

Deu a louca no clima, por Arthur Soffiati

Amigos, leitores, apresento para quem não conhece, o professor Arthur Soffiati, Dr. Prof. UFF-RJ e UENF-RJ e grande ambientalista, meu guru ecológico desde os anos 70, quando publicava O Século, em Macaé. Ele enviou este email em maio e agora, em outubro de 2005, muitas das coisas que escreveu estão de fato acontecendo. Atenção.


Deu a louca no clima
Nos cinco primeiros meses de 2005, uma enxurrada de estudos científicos confirmou que o clima da terra está vivendo uma profunda crise.
James Edward Hansen, renomado climatologista e co-autor de um dos estudos, assegura não duvidar mais de que a origem dos distúrbios climáticos globais está nas atividades humanas a partir da revolução industrial, e não em fenômenos puramente naturais.
A civilização industrial, em suas várias vertentes, multiplicou assustadoramente os processos de queima de carbono fóssil e orgânico, aumentando de forma exponencial as concentrações de CO2 na atmosfera. As mudanças climáticas de natureza antrópica vêm causando, segundo os estudos mais recentes, as seguintes alterações ambientais.
Aumento da temperatura global -
Em 1750, as concentrações de CO2 na atmosfera alcançavam níveis de 280 partes por milhão. Em 2001, elas foram avaliadas em 370 partes por milhão, o que acarretou um aumento global de temperatura distribuído de forma distinta pelo planeta. No século 20, a temperatura global subiu 0,7º Celsius, calculando-se que subirá 1º C no século 21, mesmo que a produção de gases causadores do efeito estufa seja estabilizada hoje. É que o processo ganhou velocidade e não pode ser mais freado repentinamente. É como um carro que não pode alcançar 120 km hora na arrancada nem freado repentinamente a esta velocidade. Mesmo que o motorista afunde o pé no freio, as rodas trancadas continuam a deslizar. Isto significa que o calor continuará aumentando porque as concentrações de gases-estufa deixam passar a radiação solar, mas não permitem que o calor acumulado na superfície terrestre retorne ao espaço.
Em resumo, a Terra está conservando mais calor do que liberando. Num recado aos céticos, geralmente conservadores, Hansen diz: "Não pode haver mais dúvidas substanciais de que gases emitidos pela humanidade são a causa da maior parte do aquecimento observado." O recado vai para George Bush, principalmente, que optou por investir em mais estudos para confirmar o que já parece óbvio para os cientistas em vez de investir em pesquisas para a produção de tecnologias que reduzam as emanações gasosas norte-americanas, as maiores do mundo. Tom Wigley, outro cientista envolvido nas pesquisas, propõe como solução mitigadora do problema o corte drástico de emissões de gases-estufa, o que contraria os propósitos moderados do Protocolo de Kioto de reduzir tais emissões em apenas 5,2% em relação aos níveis de 1990. No mínimo, é preciso estabilizar as concentrações de CO2 na atmosfera em 450 partes por milhão e agüentar o tranco.Oceanos - A grande constatação desses estudos é que cada metro quadrado de oceano absorve 0,8 watt a mais de energia solar do que a irradia. É pouco para diminuir o aquecimento global e muito para alterar as temperaturas dos mares. Não é possível, portanto, confiar a eles o papel de redutores das temperaturas globais. Por outro lado, o aquecimento da água produz sua dilatação, o que resulta na elevação dos níveis dos mares e na inundação das zonas costeiras e das ilhas, sobretudo as do oceano Pacífico, que são muito baixas, e da Holanda, que ampliou seu território conquistando terras ao mar. Tal qual o clima, o nível dos oceanos não cessará de subir se houver a estabilização do aquecimento global, pois eles também ganharam velocidade que não pode ser reduzida de imediato. Além disso, as plataformas continentais, as zonas mais ricas em vida dos oceanos, começam a manifestar sinais de cansaço em absorver gás carbônico e em produzir oxigênio. Note-se que o excesso de CO2 começa a acidificar as águas, com sérias conseqüências para os ecossistemas marinhos.
Geleiras
Outro estudo mostra que a velocidade de derretimento das geleiras oceânicas e continentais vem se acelerando rapidamente nos últimos 50 anos. A pesquisa mediu 244 geleiras e concluiu que 212 delas (87%) reduziram-se de forma drástica. O número só vale para o continente antártico, não contabilizando, pois, as geleiras de outras partes do planeta, cuja fusão ainda não foi devidamente medida, mas sobre a qual não pairam dúvidas. As maiores mudanças ocorreram na passagem do século 20 para o 21.
Conclusão
O aumento do aquecimento global derrete os gelos, que, em estado líquido, elevam mais ainda o nível dos mares. Calcula-se que, reunindo todos os fatores, os níveis subiram cerca de 10 cm no século 20.
Mudanças ecossistêmicas
O aumento das temperaturas do planeta podem produzir o avanço dos climas tropicais para as zonas temperadas, o que significaria a substituição de ecossistemas por outros. Nos oceanos e nos pólos, o aquecimento pode alterar profundamente ambientes bem característicos, mudando sua composição florística e faunística. Quase 2/3 das espécies de peixes do Mar do Norte começam a migrar em direção ao Ártico, em busca de águas mais frias. Nos continentes, o futuro é imprevisível. Chuvas e secas podem se tornar mais crônicas e agudas, concorrendo para a disseminação de doenças tropicais.Mais uma vez, as notícias não são nada agradáveis.

Não tenha medo do seu inglês...ou da sua inglesa!

Brazilino came across uma situação incomum. Estava numa aula, aprendendo inglês, porque se mancou e viu que aqui na terra do Tio Sam quem não faz, leva. E escutava os depoimentos dos atentos alunos que faziam parte de seu grupo num cursinho desses que proliferam pela Nova Inglaterra.
Este redator vai pedir licença para uma explicação rápida e rasteira: por observação em passeios sutís pelos corredores de alguns desses cursinhos, notamos que o papo rola solto. O papo em português! A rapaziada comenta sobre tudo: sobre o primo que está vindo, o busy do restaurante, o horário que costuma acordar para entregar jornal, o celular toca, eles atendem e o alvoroço toma conta de algumas salas de aula. Os professores tentam! São uns heróis." Agora, vamos ver o significado do Present Continuous". Um ou outro aluno lembra; "presta atenção, pessoal. Assim não dá!"
Os imigrantes ilegais são sempre enganados e sub-empregados. Sentem-se, também, discriminados por outros brasileiros que aqui estão. A faxineira, (cleaner) garçon (waiter) ou o pedreiro (bricklayer), sentem-se inferiores se não tentam um curso de inglês, ao menos para entender o que o boss, o supervisor ou o co-worker estão falando.
No entanto, contradição: na sala, vale conversar sobre novela, sobre o futebol e a baixa do dólar. No final, uma aula de 2 ou 3 horas só compensa pelo alívio natural que todos sentem quando acaba uma sessão de terapia. Inglês como terapia! O idioma, que é necessário para a sobrevivência, pouco!
Brazilino, que sempre procurou ser um pouquinho smart, deixou a turma toda ir embora, resolveu ficar uns minutos a mais e ouviu a professora falando no celular. Ele esperou um pouco, sem entender quase nada do que rolava na conversação, mas no final ouviu a palavra Ergophobics. Uau! Essa êle não tinha escutado nem na palestra que assistiu na Harvard, acompanhando a Michelle, lourinha que êle tinha atacado nas noites do Karaokê do Plaza Garibaldi.

“ Teacher”, disse ele, “desculpe a pergunta, mas o que é isso que a senhora acabou de falar, alguma gíria legal?” -“ O que...? Ergophobics? Bem, essa palavra literalmente quer dizer medo de trabalho. Eu estava explicando para meu amigo que os brasileiros que estão aqui não têm medo do trabalho pesado. Têm 3 empregos e tudo, mas têm medo do homework, o dever de casa, era dessa ergofobia que eu estava falando. Medo de trabalhar ...com o inglês".

Brazilino foi pensando no assunto até chegar em casa. Bateu um feijão com arroz, entrou no quarto e colocou o DVD que Zequinha tinha alugado no NetFlix. E colocou o último episódio de “Lord of the Rings”, aonde as cenas dos Orcs trabalhando para o Feiticeiro do Mal o fez lembrar do que é o brasileiro vivendo na América: gente que dá um duro danado, submetendo-se a sub-empregos, muitos sentindo-se humilhados. Pensou, antes de bater o sono: “será que alguma dessas pessoas deu o mesmo duro no Brasil?”... tanta energia que a gente dá de graça para Tio Sam.... “fazer a América nestas condições. Isso é coisa do século passado. É, mas a Sol mandou muitos dólares pros pais...também vou mandar” . E assim dormiu, tranquilamente, porque afinal dia seguinte era day-off...

Pepper in other people's asshole is refreshment

ELTON JOHN VAI SE CASAR
E MAIQUINHO IA SE FERRAR!
Elton John assumiu o caso homossexual que tem com um rapaz há muitos anos e nem por isso ficou por meses arriscado a se ferrar na prisão de San Quentin. Anunciou o casamento com o namorado agora no final do ano de 2005, com pompa e cirscuntância.

Rení veio do Brasil bem jovem, algumas pessoas que ainda se lembram dela na Califórnia sabem da oportunidade que teve, de ir logo trabalhar na residência dos Jackson como cozinheira e babá. Coube-lhe olhar mais de perto pro Maiquinho, preparar a comidinha dele, dar banho e botar prá dormir. Ela viajou inúmeras vezes com o Jackson 5, para preparar a comida dos menores. Quando Michael Jackson virou Michael Jackson e saiu faturando horrores pelo mundo inteiro com sua trupe fabulosa, sua música e personalidade incríveis, os shows desbuntantes....Rení tava lá sempre pertinho, preparando a comida especial para ele. De vez em quando, até um feijão com arroz parece que pintava.

Até que nunca mais se ouviu falar de Rení. Sumiu! Não se sabe se voltou pro Brasil ou se ainda vive aqui pelos Estados Unidos. Quem sabe ainda mora em Neverland.

Lembrei-me da Rení porque ela o chamava de Maiquinho para seus amigos brasileiros, confidentes na Califórnia nos anos 1970´s e 80´s. Em meados dos anos 90, o diretor Spyke Lee teve que pagar 100 mil dólares para a Associação da Favela Dona Marta, no Rio de Janeiro, para filmar um clip. Dizem que a grana foi parar na mão dos traficantes. Maiquinho sempre causou polêmica e tem um grande fã-clube no Brasil. E pouca gente sabe que ele já teve uma babá brasileira! Lembrei-me de Reni, também, porque embora tenha vivido muitos anos ao lado da celebridade, não foi convidada para ser testemunha no julgamento.

Daí então o caso aqui não é defender o Maiquinho. É para chamar atenção para um fato que assola o mundo inteiro desde os tempos dos gregos e troianos, macedônios e romanos. Faz-se sexo com criança há muito mais de 5 mil anos. É uma doença inerente do ser humano, adquirida por origem carnal, evidentemente nada aceitável desde que o mundo se organizou através das religiões e do marketing direto. Repetindo uma frase super-conhecida “yo no creo en brujas, pero que las hay, las hay”, deixo aos leitores, religiosos ou não, o “julgamento” de Michael Jackson. Muitos leitores devem conhecer casos de pedofilia e homosexualismo que deve ter acontecido muito próximo. Seria uma doença incurável? Refrescando a memória, há alguns meses, um pedófilo de Brasilia foi preso pelas autoridades, por cometer crimes verdadeiros com crianças de até 3 anos de idade. “Esse merece um pelotão de fuzilamento, nessas horas eu tenho vontade de virar milico e sair matando, comentou Tia Celina.
Uma coisa da qual os brasileiros residentes na Califórnia não gostaram mesmo, foi o fato de Maiquinho estar usando chimpanzés para fazer a limpeza de Neverland, recusando imigrantes indocumentados. As criaturinhas limpavam o pó, lavavam janelas e ainda esfregavam o vaso. Saiu a notícia, durante o julgamento do cantor, que o chimpanzé Bubbles teve que ser retirado às pressas do Rancho, porque cresceu muito, ficou forte e pesado demais, rebelando-se contra as ordens, igualzinho a um adolescente. O chimpanzé deixou de ser menino, Maiquinho mandou colocá-lo num sanatório para macacos. Porém, não se tem notícia de que um cleaner brasileiro ilegal tenha se rebelado como o chimpanzé do artista.

Será que Maiquinho, o delicado, teria direito de levar um amigo chimpanzé com ele para o xilindró....caso fosse preso?
Michael Jackson foi absolvido. Mas ele bolinou e ainda fez sexo oral com o menino, tinha que ir pra cadeia, disse Tia Celina. A senhora acha que o Maiquinho, delicado daquele jeito, iria aguentar a prisão de máxima segurança de San Quentin...? Sem o seu macaquinho amigo....A senhora acha mesmo que o stablishment americano e a grana que rolou botariam de verdade Michael Jackson na cadeia?
Ele deveria ser mantido em cativeiro domiciliar...ou ser mandado para uma Ilha Deserta? Ou...ler a Odisséia, de Homero e entender a história de Tróia, que também teve muito guerreiro envolvido com menininho e menininha... como milhões de tarados pelo mundo afora!
Pimenta no dos outros é refresco? E dessa vez com uma celebridade, que assumiu gostar de menino e chimpanzé, mas foi julgada inocente e já está de novo nas manchetes, como benemérito das vítimas dos últimos desastres naturais como o Tsunami, hurricanes Rita e Katrina, terremoto na Ásia, deslizamentos na América Central. Será que Michael Jackson também é um fenômeno natural?

How can I sleep with a noise like that?

Phydias Barbosa

sexta-feira, abril 29, 2005

MÃO DE OBRA BARATA

Bem, Brazilino, você chegou em Boston. Now what! A primeira reação é de deslumbre, mas em seguida você tem que cair na real e descolar um trampo. Você tem sorte, pois um primo que está aqui algum tempo tem todos os contatos e assegurou uma entrevista na obra e outra no restaurante.
“Prá que que serve uma application?”, você pergunta pro Souzinha. “É prá botar uma informação que os caras não vão nem ler, é tudo fajuto...mas tu bota aí esse numero de social que nóis arrenjemo prá você e fica tudo bem. E o negócio é começar mesmo na disha! Pagam $6.80 prá começar e depois vai mudando de um pro outro, agregando outro, umas obra, umas pintura, umas limpeza e uns help, daqui dois ano tu tá fazendo o mermo pelo Ferreirinha”.

Ferreirinha ficou em Sobral. Tava querendo mesmo era ir prá São Paulo. Mas São Paulo já não representa o sonho do nordestino brasileiro. Lá, tinha que morar em favela e pegar 3 conduções pro trabalho, sem saber que chegaria vivo em casa, por causa dos tiroteios e da falta de segurança.
Ferreirinha, Souzinha e Brazilino já sabem disso há um montão de tempo. E não têm a quem culpar por isso! Maluf, Pitta, Martha Suplicy, Serra?... porém sabem que no tempo que seu pai esteve em São Paulo era bem diferente. Outros tempos!
Mas hoje! Era melhor ficar em Sobral e tentar viver de empreguinho de 180 real e botar tudo na conta do armazém de novo...

Ou tentar a Travessia!! Pelo México, direto prá Boston! Por isso você está aqui!
Primeiro dia de trabalho, alguém dá carona e você se apresenta pro supervisor, que aponta o seu avental, o material e pede prá você ficar a postos, ajudar a varrer aqui, limpar ali. Tudo feito em mímica e com a ajuda de outro brasileiro que também chega cedo ao restaurante. Porquê inglês mesmo ninguém fala direito, só que você ainda não notou. A diferença daqui prá Sobral é que aqui Paga Melhor...
Nossa, 8 dias de América e já de emprego novo! Que rapidez, os 180 real do mês vão se multiplicar. E Ferreirinha algum dia chegará para recomeçar o ciclo...
Não interessa o que o Brazilino esteja fazendo em Nova Inglaterra. Mas está se virando todo dia. Para levantar uma grana e tentar dar uma vida melhor para seus familiares no Brasil.
Para isso, investe tudo o que tem, arruma mais dólar emprestado, vira a cara para São Paulo, ex-eldorado e se manda para uma aventura que é uma incógnita.
Segunda feira, 25 de Abril de 2005, mais de 200 brasileiros se encontram presos numa apreensão que surpreendou a todos. Veja abaixo, compilado esta manhã do Globo Online:
RIO - O cônsul do Brasil no Texas, Carlos Alberto de Azevedo Pimentel, disse em entrevista ao "Jornal Nacional" que o número de imigrantes ilegais de todas as nacionalidades tem crescido nos últimos anos. Mas as autoridades americanas estão preocupadas especialmente com os brasileiros. - Os brasileiros estão crescendo mais do que os outros. Está se criando no Brasil um mito de um 'Eldorado Americano', em que só são lembradas e acentuadas as experiências que tiveram êxito e se esquece dos que não deram certo ou aqueles que simplesmente fracassaram. Segundo o cônsul, essa imagem não está sendo somente divulgada boca a boca, mas também pelos interessados nesse tráfico. - Hoje há grupos organizados no Brasil e nos Estados Unidos facilitando esse tráfico de mão-de-obra barata - informou ele.
Leitor, pergunto eu a você: Será que é melhor tentar vir para os Estados Unidos, aonde existem inumeras oportunidades, do que ir morar na periferia do Rio, Belô e São Paulo?
Uma geração de brasileiros entre 25 e 40 anos não terá tempo para esperar as reformas na economia brasileira. Vai ter que suportar muitos anos com salários achatados e problemas sociais.
Alguns não conseguem esperar tanto tempo, ganhando uma merreca no campo, na cidade pequena e sem conseguir construir a casa própria. E tem mesmo que vir para a....América!
Brazilino, quem diria, um lutador! agora :mão de obra barata, na voz do cônsul.

Escrito por Phydias Barbosa / Brazilino é criação de Cláudio Piereck.

sábado, janeiro 29, 2005

A DENTADURA

Brazilino ralou um tempão na América, trabalhando em todos os ofícios possíveis e impossíveis.

Finalmente, realizado com a casa própria, negócio de pintura funcionando e papel temporário no bolso, resolveu convidar a sogrinha para vir passear nos States. Com visto direitinho, conseguido no Consulado Americano. A véia nao conseguiria fazer a travessia da fronteira pelo México....”inda bem, comentou Marieleide. 10 mil dóla!!! Caro prá chuchu...”

-“Vamos na Disneyworld?” , perguntou a sogrinha jararaca. Brazilino ficou surpreso com a pergunta, tão direta, (“- Cumé que a véia sabe que existe Disneyworld? - Só pode ser a Grobo” , disse Marieliede)

Foi um sufoco, porque a velha veio sòzinha e ao passar na imigração de Miami deu zebra: “What’s is your address in the United States?” Hum? Veio o intérprete em Portunhol, pois o intérprete Brasileirol estava de off.

-“ La sinhora tiene que decir donde que va morar en Miami.”
- “Uai,vou morar com Brazilino, meu genro, que tá me esperando lá fora. Moço, nos vai na Disney!”

-“Ok, cuanto dinero lleva?”
-“50 real! Brazilino falô que a partí daqui tudo é por conta dele. Os 50 real é pro ônibus pra voltar pra Matosinhos.”

O alto-falante chamou “ Mr. Brazilino de Souza, Mr. Brazilino de Souza, por favor identificar-se ao oficial de imigração” . Tremedeira total. Pronto! Deportaram a véia. Mas a situação não era tãograve assim. Queriam ver o papel do Brazilino. Tudo em ordem, sairam do Aeroporto comemorando as 2 garrafas de cachaça que a jararaca trouxe da Fazenda e rindo do sufoco.

Agora, era pegar a estrada e ir direto para Orlando.

Durante todo o tempo da viagem, a sogra comentou somente uma coisa: sua dentadura nova. Que beleza, ela agora podia comer churrasco, batata frita, torresmo e arroz tropeiro sem problema. E mostrava a dentadura, rindo e chorando, agradecendo a Brazilino os 400 dólares que ele mandou, ESPECIALMENTE para ela pagar o prostético.

Marieleide também estava muito feliz com a visita da mãe e com a notícia que ela ia ser vó dentro de pouco tempo. “Que chique!,” disse a véia, “vou ser vó de um americano...Cuá...quando a turma de Matosinhos souberem....”

Foram pro hotel descansar. Ao acordar na manhã seguinte,Brazilino viu um copo com água do lado da cama, achou que Marieleide tinha deixado ali, bebeu a água toda rapidinho, sentindo um gostinho diferente no final, mas não ligou muito, pensou que a água do Hotel tinha mesmo um gostinho de limão brabo. Seguiram para a Disney, onde a véia fez questão de ir logo pra mais alta das mais altas das montanhas russas, tão excitada que estava na terra do Mickey.

Marieleide nao entrou na cadeirinha, estava meio enjoada por causa da gravidez. E tampouco os avisos permitiam que ela entrasse na Montanha Russa.

Subiram Brazilino e a jararaca. Quando o carrinho estava fazendo a subida da primeira rampa, a véia vira-se pra Brazilino e diz: “graçado, de manhã procurei o copo dágua da dentadura e não achei.” Brazilino engoliu seco, o carrinho subindo a rampa. Percebeu que tinha bebido a água errada. Embrulhou o estômago, a véia ria: “quem será que bebeu a agua?”, e começou a rir, “RA RA RA RA” , abrindo o bocão e mostrando a dentadura, meio entre tremendo e emocionada, NA VIRADA da rampa a véia estava com a boca tão aberta e a risada tão alta, que....a Dentadura caiu. Imagine uma cena em câmara lenta: do lado de fora do brinquedo, aquela dentadura novinha caindo por cima das pessoas e se esborrachando no chão, quebrando-se em mil pedaços. E Brazilino vomitando, vomitando, e gritando “PARA ESSA PORCARIA QUE EU QUERO DESCER!”

Em baixo,Marieleide nem imaginava o que estava acontecendo! Brazilino vomitava e a véia chorava. “ Minha dentadura nova” !

Ao descerem da experiência maravilhosa, os dois estavam arriados. A véia com a boca enterrada para dentro – como fica a boca de todo véio quando perde a dentadura - e Brazilino arrazado com o pessoal reclamando e tendo que ir se lavar de tanto banho de vômito. Em plena Disneyworld! E pensava: Vou matá essa jararaca e mandá o corpo todo picadinho de volta prá Matosinhos....

AZAR ou....Incompetência????


Brazilino é criação de Claudio Piereck (Miami)

domingo, janeiro 23, 2005

BRAZILINO PAGA MICO NA FESTINHA

Brazilino foi convidado para uma festinha de aniversãrio. Julião, que trabalha com ele na pintura e que vive dizendo palavrão quando acontece algum imprevisto, até mesmo quando a cor da tinta vem diferente no mixer automático do Home Depot, era o anfitrião: “Aniversário de minha mulher! Vamos comemorar!”

Pobre Julião, foi um sufoco a sua vida até aqui. Entrou pelo México três vezes, depois de ter sido deportado duas, evidente com nomes totalmente diferentes. Hoje já nem se lembra mais quando alguém o chama de Genésio. É Julião e pronto.

“Minha gata adorada vai fazer 25 anos e a festa vai ser no quintal lá da nossa casa, vai ter churrasco, salgadinho e muito doce, já encomendei tudo prá Dona Nelcy da Padaria”.

Brazilino então comprou até roupa nova no Salvation Army e tudo. Imaginou que na festinha ia ter umas meninas brasileiras, ficou todo animado para dançar um samba. Foi falar com o Paulinho, que mora no beco do Caneco alí em Everett e pediu um monte de Cd emprestado. Conseguiu discos do Rappa, Roupa Nova, Negritude Júnior, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Leandro e Leonardo, já se imaginando o DJ da festa.

Quando chegou na casa do Julião, Brazilino viu um CD player no canto e umas moças interessantes arrumando a mesa e pensou consigo mesmo:” É hoje que eu vou me dar bem. Santo Genésio, isto é Santo Julião. Faz mais de 8 meses que não vejo muié, agarrado na pintura e na limpeza.”

Comeu uma coxinha de galinha pensando nas coxas da idolatrada salve salve que estava à sua frente. Mas Genésio Julião não aparecia, diz que estava esperando a esposa chegar do cabeleireiro ali na esquina da 99, então ele se sentiu pouco à vontade. Mas prá quebrar o gêlo, falou com uma gordinha que ia passando. “Hi, speak Portuguese?” (só prá chamar a atenção e dizer que falava um pouquinho de ingrês!), a moça disse que sim e Brazilino então perguntou se podia usar o CD player para botar umas musiquinhas legais. “Claro que sim, irmão. Fique à vontade.”

Aquele irmão soou meio estranho. Êle logo se lembrou do pastor da Igreja Metodista lá de Capivarí e do próprio primo, que frequentava o templo da Assembléia de Deus de Macaé de Cima. Que isso, esse pessoal aqui num é crente não, pensou. Aquela muié alí num ia mostrar aquelas coxas e aqueis peitão se fosse crente. Tomou coragem e botou logo o disco do Martinho da Vila...é devagar, é devagar, é devagar devagarinho...

Quando de repente um senhor de terno se levantou e disse: “Irmãos, quem foi que colocou essa música do capeta aqui, em nome de Jesus, vamos retirar daqui essa maldição”.

Brazilino bem tinha notado a falta de bebida alcóolica na festa, mas ficou aguardando alguém chegar com um 24 pack de Budwiser, como ninguém chegasse ele tomou um pouco da garrafinha de vodka que vinha guardando no bolso do casaco há um tempão, mas aí minha gente não conto nada, quando o diácono sentiu cheiro de cachaça e escutou o Martinho no Cd player, começou a querer exorcizar o pobre do Brazilino.

“Irmão, vamos orar. A Bíblia diz que não devemos escutar essas veleidades que nos impõem pela televisão e jornais, devemos acreditar que Jesus veio para nos salvar e nos ajudar a nos livrar de nossos pecados” – enquanto o diácono estava orando de olhos fechados e com a mão direita no ombro de Brazilino, ele olhou pela penúltima vez para as pernas da moça que estava sentada e pensou: música prá pular brasileira não pode, mas coxa de fora pode....e lembrou também de um jornaleco semanal que fala de bíblia e religiao o tempo todo, mas na página do meio – bem no meio – mostra umas jovens maravilhosas em roupas de dormir, calcinhas, sutiãs, langerrí...sexo pode, mas música popular não pode. “Inda bem que eu não truxe o CD do Bob Marley....”

Não deu para entender nada, mas assim que o futuro pastor acabou a oração, Brazilino pediu desculpa para ir ao banheiro, guardou os Cds do Paulinho e se pirulitou tarde adentro, decidido a não se converter...pelo menos por enquanto, pelo menos até que ele se convença de que isso que aconteceu com êle e que podia ter acontecido com você, leitor, não passa de mais um....AZAR OU INCOMPETÊNCIA....?

Brazilino é criação de Claudio Piereck (Miami, Florida)

BRAZILINO DANÇA DE NOVO!

Brazilino dessa vez sofreu muita humilhação! Também pudera, não se informou direito, achou que lendo o Manual Mexicano ia logo se dar bem....

Afinal de contas, nós brazilinos sempre fomos azes da imaginação e do jeitinho. Sempre dá para resolver e quem não se comunica se trumbica, já dizia o Véio Guerreiro Chacrinha.

Mas guerreiro MUDERNO mesmo é o Brazilino que, como uma praga benigna infesta essas plagas da Nova Inglaterra, como um conquistador, atravessando desertos, rios, montanhas e enfrentando os helicópteros da Imigração. Guerreiro e conquistador, sentindo-se mesmo um herói, como em 1620, quando aqui nas águas de Cape Cod atracou o Mayflower trazendo os primeiros colonos da área. O colono de hoje é o Brazilino 2005 de Souza!

(O editor vai me dar uma bronca, melhor voltar pro artigo)

Para conquistar o tão esperado Sonho Americano (American Dream, como querem alguns...), Brazilino vem para cá quase sem-sem, isto é LESS, MuiéLess, Pennyless (sem grana) e DRIVERS LICENSE LESS.

O Brazilino aqui desta estorinha tinha descolado um seguro pro carro numa determinada agência, mas como todo mundo fazia seguro com a mesma mutreta armada pelo DIZ-pachante – diga-se de passagem, mutreta legal, já que ilegal aqui neste país é a própria homeland, que de terra e casa não entende nada – a Registry descobriu e mandou cancelar todos os seguros.

Brazilino, que não podia viver sem conduzir seu carrinho japonês 97 pelas obras, pinturas e cleaning noturno, descolou um amigo na Carolina que arrumou uma ID falsa prá êle e marcou a entrevista na DMV de lá.

Dirigiu bem devagarzinho, prá não chamar a atenção na estrada.

No estabelecimento, encontrou outros 5 brazilinos dependurados com o mesmo problema, conversando entre êles sobre o assunto, até que:

Entrou no salão um policial simpaticíssimo, rindo com todos e falando bom português (de Portugal) e perguntou:
-“Algum dos senhores está cá com a carteira ID falsa prá tirar uma de conduzir”?

Os 6 se levantaram e disseram: “ é nóis aqui, ó!”

- “Acompanhem-me, por favor...”
- “E pra onde é que nós tá ino agora?”

- “Pra Delegacia de Polícia!!”

Agora, pergunto eu a você: Isso é Azar....ou Incompetência?

By Phydias Barbosa
Brazilino é criação de Claudio Piereck (Miami, FL)

Novos Crimes do Amor

Novos Crimes do Amor Nota do autor: Para escrever este conto, eu me baseei em crimes realizados no seio da comunidade brasileira...