domingo, janeiro 07, 2018

Don’t let the bed bugs bite

Ou....Brazilino e a infestação de “bed bugs”

Esses pestilentos deixam você irritado!



Texto: Tobias Cardoso

Brazilino chegou todo contente em casa. Tinha encontrado um colchão twin quase novinho na calçada em frente ao apê no condomínio onde mora, na Military Trail em Pompano Beach, Flórida.

Agora sim, poderia dormir confortável, pois seu colchão de solteiro era meio pequeno e apertado. Resolveu fazer o mesmo; colocou-o do lado de fora do condomínio, para que alguém o levasse. Uma atitude cordial, afinal a troca é digna na América. Não sem antes perguntar aos roomates se algum deles estaria interessado em sua “relíquia”. Ninguém quis.

Coloque um aviso como este, caso queira jogar fora sua cama infestada!
Arrumou o novo canto, agora com um aspecto mais de acordo com o seu perfil, pois sempre se sentiu merecedor de um bom descanso, numa cama escolhida, ia até poder sonhar com poemas de Manuel Bandeira: “terei a mulher que quero, na cama que escolherei”.

Brazilino, um valente peão brazuc’americano, ex-caixa de supermercado em Minas Gerais, aprendiz de poeta nas noites enluaradas de Conselheiro Pena, acorda todo dia como se fosse o último, sempre pensando na proximidade temporal da realização de um desejo e de um sonho. Com a passagem do tempo e vendo alguns sonhos ficando pelo caminho, aprendeu diversas lições: como os poemas, os sonhos não envelhecem. Mas enfiar a mão na jaca aqui na “sonhada” América, é pra leão.

Por isso, se levanta animado e vai trabalhar em dois, três empregos. Em Miami, coloca “tile” em banheiro. Em Boca Raton, pinta casa. Em Coral Springs, ajuda na parte externa da obra. E de $12 em $12, as vezes de $15 em $15 (já teve trabalho de pagar $25), vai vivendo a sua vidinha impressa em dólares. Tem gente que conta com a sua remessa no Brasil, por isso toda quinzena envia o valor necessário para manter a casinha com mulher e 2 filhos. E se orgulha, assim,  de ser mais um Conselheiropenense ausente.

Mas, tem sempre um tempinho pra passar na padaria, conversar com alguns conterrâneos de Minas, saber das novidades, assistir ao telejornal.

Ele chegou em casa depois de mais aquele dia de trabalho, tomou um banho e foi deitar na sua nova cama, pretendendo sonhar com poemas, com os campos de Conselheiro Pena e a sua mulherzinha, que deixara pra trás “por um tempo”, pra fazer um pé de meia aqui e depois retornar.  "Mas já faiz treizano", pensou.

A cama estava aconchegante e arrumadinha. Deitou, pensou um pouco mais, trouxe problemas da mente para a consciência, analisou-os, fez uma reza que aprendeu com Tia Rosa, tranquilizou-se e dormiu. Dormiu profundamente por…umas três horas. De repente, levantou-se e começou a se coçar. A pele ficou logo vermelha e irritada com a coceira. Não sabia do que se tratava e logo culpou a tinta usada na pintura da casa de Boca. Seu colega de quarto logo também se levantou com os ruídos e acendeu a luz. O que foi daqui, o que foi dali, o amigo resolveu acender a lanterna do celular e um facho de luz iluminou o lençol do Brazilino, todo cheio de “percevejos” ou como chamam na América.... bed-bugs.

Assim ficou Brasiliano, todo marcado de bed bugs
(Os “percevejos” são minúsculas criaturas sem asas que, quando estão sempre de barriga vazia, têm o corpo achatado e fino, parecido mesmo com uma folha de papel. Mas depois que eles sugam o sangue de suas vítimas, eles ganham um tom vermelho escuro e se expandem. Uma só fêmea produz algo em torno de 200 a 400 ovos durante o seu um ano de vida, dependendo da disponibilidade de alimentação e ainda da temperatura. Os ovos são depositados em pequenas fendas e trincas. Eles são do tamanho de uma cabeça de alfinete e em apenas dez dias já estão liberando novos percevejos para a vida).

A coceira não parava e os dois não sabiam o que fazer. Afinal que exército de inseto é esse que aparece assim do nada e infesta uma cama. Inspecionaram o colchão, a armação da cama e descobriram diversos insetos escondidos.

Logo se lembraram; Brazilino tinha achado a cama na rua! E estava infestada de “bed bugs” que ninguém tinha visto.

(Os “percevejos” podem sobreviver até seis meses sem comer nada e quando encontram nova fonte de alimentação mostram-se bem flexíveis. Eles se alimentam de preferência de sangue humano, mas não descartam o sangue de nenhum outro mamífero, nem o sangue dos pássaros. De hábitos noturnos, os percevejos picam toda e qualquer região do corpo, apesar de terem preferência pelo rosto, pescoço, peito, braços e mãos. A picada destes insetos não transmite doenças, mas algumas pessoas podem sofrer uma reação alérgica localizada.Você normalmente não verá nenhum sinal deles, além das picadas de cor avermelhada. As infestações são difíceis de eliminar e exigem dedicação.

Tenha cautela extrema ao comprar roupas e móveis usados e ainda ao pegar objetos deixados na calçada como doação. Se um colchão tiver sido deixado na rua, é bem possível que esteja contaminado).

Senão, você também será mais um caso de ... Azar ou Incompetência?


“The Brazilian Courier”, Utilidade mais que pública que publica a verdade.




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